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Actualidades en Psicología

On-line version ISSN 2215-3535Print version ISSN 0258-6444

Act.Psi vol.36 n.132 José, San Pedro Montes de Oca Jan./Jun. 2022

http://dx.doi.org/10.15517/ap.v36i132.42501 

Artículo

Comportamentos sexuais durante a pandemia da Covid-19: representações sociais de homens gays e heterossexuais

Sexual behaviors during the Covid-19 pandemic: Social representations of gay and heterosexual men

José Victor de Oliveira   Santos1 
http://orcid.org/0000-0002-6661-2873

Lorena Alves de Jesus2 
http://orcid.org/0000-0003-4533-4920

Luciana Kelly da Silva   Fonseca3 
http://orcid.org/0000-0001-8832-5261

Mateus Egilson da Silva  Alves4 
http://orcid.org/0000-0001-5759-8443

Ludgleydson Fernandes de Araújo5 
http://orcid.org/0000-0003-4486-7565

1Programa de Pós-graduação em Psicologia, Universidade Federal do Delta do Parnaíba, Brasil. Email: josevictorpsi@gmail.com

2Programa de Pós-graduação em Psicologia, Universidade Federal do Delta do Parnaíba, Brasil. Email: lorenaalve_s@hotmail.com

3Programa de Pós-graduação em Psicologia, Universidade Federal do Delta do Parnaíba, Brasil. Email: l.kelly_fonseca@hotmail.com

4Programa de Pós-graduação em Psicologia, Universidade Federal do Delta do Parnaíba, Brasil. Email: mateusegalves@gmail.com

5Programa de Pós-graduação em Psicologia, Universidade Federal do Delta do Parnaíba, Brasil. Email: ludgleydson@yahoo.com.br

Resumo

Objetivo. O presente artigo objetivou comparar as representações sociais (RS) entre grupos de homens gays e heterossexuais sobre os comportamentos sexuais face ao isolamento social decorrente da pandemia da Covid-19. Método. Participaram 200 homens (100 heterossexuais e 100 homossexuais), com médias de idade de 27,06 e 28,12, respectivamente. Utilizou-se um formulário sociodemográfico on-line e uma entrevista semiestruturada com duas perguntas disparadoras para apreensão das RS. Os dados foram analisados pelo software IRAMUTEQ. Resultados. Verificou-se similaridades em ambos os grupos quanto a vida sexual ativa e uso de tecnologias para Sexting e acesso a pornografia. Entretanto, os homossexuais divergem na estrutura representacional ao buscarem estas estratégias compensatórias em maior quantidade, em razão de relacionamentos com pouca duração e/ou pouca união estável. Conclui-se que o distanciamento físico desvela intercorrências heterogêneas à vida afetivo-sexual nessa nova realidade social.

Palavras-chave Comportamentos sexuais; isolamento; homossexuais; heterossexuais; representações sociais

Abstract

Objective. This article aimed to compare the social representations between groups of gay and heterosexual men about sexual behavior as a result of social isolation from the Covid-19 pandemic. Method. 200 men participated (100 heterosexuals and 100 homosexuals) with average age of 27.06 and 28.12, respectively. A sociodemographic questionnaire was used for sample characterization and a semi-structured interview for the apprehension of SR, with data processed by the IRAMUTEQ software. Results. Similarities were found in both groups in terms of active sex life and the use of technologies for sexing and access to pornography. However, homosexuals diverge in the representational structure when seeking greater compensatory strategies for having more stable civic states. It is concluded that physical distance reveals heterogeneous intercurrences to affective-sexual life in this new social reality.

Keywords Sexual behaviors; isolation; homosexuals; heterosexuals; social representations

Introducción

Nos últimos anos, a globalização facilitou a maior disseminação de agentes patológicos (Ornell et al., 2020). Um novo tipo de coronavírus, denominado SARS-CoV-2, é considerado um grave problema de saúde pública no cenário atual. A doença causada pelo patógeno é denominada pela Organização Mundial da Saúde (OMS, 2020) COVID-19 (Rothan & Byrareddy, 2020).

O surto da doença ocorreu na China no final de 2019 (Huang et al., 2020). Em março de 2020, a OMS declarou caráter emergencial de pandemia, tendo em vista o rápido contágio global (Wang et al., 2020). As manifestações clínicas da COVID-19 incluem tosse, dores no corpo, febre, complicações respiratórias e outros possíveis sintomas que estão em estudo. Alguns pacientes são assintomáticos, porém um número significativo dos casos demanda cuidados em unidades de terapia intensiva (Carvalho et al., 2020; Li et al., 2020). A fim de conter o avanço da pandemia, a OMS recomendou o isolamento social para toda à população (Kissler et al., 2020).

Assim sendo, foram suspensas atividades que possam contribuir com a aglomeração de pessoas, com a manutenção somente dos serviços considerados essenciais (Brooks et al., 2020). Além dos riscos à saúde física, são evidenciados aspectos psicológicos negativos importantes (Ornell et al., 2020). Dentre os fatores, o medo de ser infectado pelo vírus que pode causar morte e sem garantia de um tratamento eficaz pode afetar o bem-estar psicológico da população (Asmundson & Taylor, 2020; Carvalho et al., 2020).

Os principais ambientes que possibilitam a aglomeração de pessoas como escolas, empresas, eventos sociais e meios de transporte público, tiveram sua atividade alterada. Logo, as pessoas foram orientadas a ficarem em casa e manter um contato restrito com outras pessoas (Oliveira et al., 2020). Um estudo realizado na China evidenciou sintomas de ansiedade, depressão e estresse no período da pandemia (Wang et al., 2020).

Casos de suicídio também foram notificados em alguns países como Índia e Coreia do Sul, que estão possivelmente relacionados aos impactos psicológicos da COVID-19 (Goyal et al., 2020; Jung & Jun, 2020). Ademais, a restrição do contato social é considerado um fator negativo, visto que a interação social pode contribuir para bem-estar e qualidade de vida humana (Schmidt et al., 2020).

Dessarte, as medidas tomadas frente à Covid-19 que envolvem a diminuição do contato social trazem consequências ímpares aos campos cognitivos, afetivos e comportamentais. Nesse ínterim, os comportamentos sexuais também se configuram hodiernamente sob essas novas circunstâncias, de modo que conforme se estabelecem distintos status amorosos têm-se distintas realidades, como entre aqueles com parceiros fixos e aqueles sem, além de fatores como gênero e idade (Jacob et al., 2020).

O crescimento do uso de conteúdos pornográficos on-line, é um dos dados que refletem como as pessoas podem estar construindo estratégias de enfrentamento frente ao estresse das interferências do distanciamento social nos comportamentos sexuais, de modo que o acesso facilitado a materiais pornográficos pode distrair os indivíduos da solidão, angústia, tédio ou outras emoções negativas relacionadas à pandemia (Mestre-Bach et al., 2020).

Esses direcionamentos são compreensíveis quando a sexualidade é um dos componentes que dão sentido e significado à existência humana, representando uma função vital dos indivíduos ao envolverem fatores biológicos, psicológicos, sociais e culturais. As atividades sexuais são um dos fenômenos expressos da sexualidade humana, e despontam principalmente a partir da adolescência, quando despertam-se maiores envolvimentos socioafetivos, descobertas e experiências sexuais com o surgimento da masturbação e início da vida sexual (Vieira et al., 2016).

Nesse sentido, a modernidade digital, com as emergentes tecnologias da informação, desempenha papel preponderante para o desenvolvimento cultural e social da sexualidade. De forma que os comportamentos sociais podem traduzir-se não somente com o contato físico, inclusive aqueles sexuais, como a do Sexting (Sfoggia & Kowacs, 2014). Dessa forma, o sexting popularizou-se como recebimento e compartilhamento de imagens de conteúdo com conotação sensual, com ou sem nudismo (os nudes), nos aplicativos e redes sociais como Tinder, Grindr e Whatsapp, ampliando com isso não apenas o vínculo de amizades, mas como também o favorecimento de práticas sexuais casuais (Jacob et al., 2020; Narvaja, 2019; Wanzinack & Scremin, 2014).

Portanto, cenários avessos, como os provocados por pandemias e pela adoção do isolamento social, interpelam drasticamente como as interações sexuais podem se concretizar fisicamente, podendo vir a ensejar comportamentos sexuais de risco durante a pandemia. Ainda assim, apesar de não haverem recomendações precisas da OMS sobre essa temática, mas reiterando-se a necessidade da quarentena, campanhas como do departamento de saúde de Nova York estimulam as práticas sexuais individuais aos solteiros por meio da masturbação, uso de vídeos e o sexting, mantendo-se as relações sexuais apenas aqueles com companheiros estáveis sem indícios de sintomas.

Medidas que podem favorecer principalmente aos homens, que em estudo à respeito de crenças sobre a Covid-19, mostraram-se mais negligentes no cumprimento da quarentena de forma voluntária, sugerindo que o imaginário social associado a estes de invulnerabilidade, os leve a menor prevenção e exposição a situações de risco (Lima et al., 2020). Assim, justifica-se que aqui sejam apreendidas distintas representações quanto aos comportamentos sexuais adotados durante o atual momento de isolamento social, entre grupos de homossexuais e heterossexuais.

Dessarte, a teoria das Representações Sociais (RS) de Serge Moscovici se configura como relevante para o entendimento de tais comportamentos, visto que versa sobre a compreensão das inter-relações entre a cultura, sociedade e indivíduo, possibilitando elucidar o saber social que se manifesta nos grupos citados (Moscovici, 2012). Segundo Moscovici, as representações não são criadas por indivíduos de forma isolada e têm como objetivo principal tornar o não familiar em familiar. Ressalta-se que o processo de familiaridade dos conceitos é responsável pela formação das representações mediante dois fenômenos sociocognitivos: a ancoragem e a objetivação.

O primeiro tenta ancorar ideias estranhas a conteúdos já familiares e, concomitante a esse processo, decorre a objetivação, que é quando o desconhecido se torna real e concreto ao nível simbólico. O desconhecimento causa estranheza. Nesse sentido, ambos os processos visam o equilíbrio diante do novo (Moscovici, 2015, p. 60).

Nessa conjectura, o estudo das representações sociais possibilita averiguar sobre as vertentes de sentidos alicerçados diante do imaginário social sobre a temática referida, sendo uma importante ferramenta a ser considerada em pesquisas de cunho qualitativo (Duarte et al., 2009). Como, por conseguinte, no contexto de incidência e especulação social da Covid-19, as RS mostram-se capazes de sintetizar as apreensões circunscritas ao contexto brasileiro, com estudos em RS que corroboram sua relevância científica e social ao revelarem aspectos psicossociais da pandemia (Do Bú et al., 2020).

Corroborando, Jodelet (2018) que alude sobre como as representações sociais do indivíduo auxiliam no esclarecimento das informações e no clareamento de escolhas do cotidiano social. Sendo assim, apreender como a população investigada está manifestando comportamentos sexuais diante do cenário restrito de contato social é um importante indicador para a compreensão desta temática no campo das representações sociais desses indivíduos.

Entende-se que, tanto no campo individual quanto no coletivo podem-se delinear diferentes representações sociais nos grupos pesquisados. O que reverbera em relevância científica e social, para compartilhamento de noções técnicas com valor psicossocial. Logo, ante o exposto, o presente artigo buscou compreender em caráter comparativo as representações sociais de homens gays e heterossexuais sobre comportamentos sexuais durante o isolamento social decorrente da pandemia da Covid-19.

Método

Diseño

Concerne em uma pesquisa qualitativa, exploratória, de corte transversal por conveniência.

Participantes

O estudo contou com a participação de 200 homens, sendo 100 heterossexuais e 100 homossexuais, com as respectivas médias de idade, 27.06 (DP = 6.73) e 28.12 (DP = 6.17). Cabe salientar que o processo adotado para escolha do volume de participantes parte do pressuposto da abordagem estrutural que estima um número de sujeitos com 100 ou mais para que seja significativa e possa representar a população estudada (Valença et al., 2017). Na Tabela 1, encontra-se em paralelo as respostas fornecidas pela população pesquisada.

Tabela 1 Características sociodemográficas dos homens gays e heterossexuais (N = 200) 

- Heterossexuais (%) Homossexuais (%)
Estado civil - -
Solteiro 47% 68%
Namorando 30% 23%
Casado 12% 3%
União estável 11% 6%
Religião - -
Católica 50% 53%
Evangélica 9% 3%
Agnóstico 9% 11%
Espírita 7% 9%
Sem religião 13% 18%
Outras 12% 6%
Escolaridade - -
Ensino médio 14% 6%
Superior incompleto 47% 28%
Ensino superior 21% 30%
Pós-graduação 18% 36%
Vida sexual ativa 84% 79%
Uso de aplicativos de encontro 40% 51%
Acesso de conteúdo pornográfico 30% 92%
Aumento do uso pornografia 66% 49%
Pratica sexting 64% 58%
Aumento da frequência de sexting 20% 32%

Procedimentos Éticos e Coleta de dados

A pesquisa seguiu os aspectos éticos presentes na resolução 466/12 e 510/16 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. No que tange a coleta de dados, foram aplicados o questionário sociodemográfico com o escopo de obter informações para caracterização da amostra e entrevista semiestruturada elaborada para lograr sobre as representações sociais da coorte estudada.

Os instrumentos foram construídos na plataforma online do Google Docs e difundidos nas redes sociais e e-mails, não apresentando intercorrências de qualquer tipo durante o tempo de pesquisa. Usou-se questionários sociodemográficos, os quais, em seu conteúdo, apresentaram questões relacionadas à idade, estado onde reside, orientação sexual, estado civil, religiosidade e escolaridade. Além disso, realizou-se uma entrevista semiestruturada online (Google Meet, Zoom, etc.) a partir de duas perguntas disparadoras para a apreensão das RS: Quais as principais dificuldades sexuais enfrentadas neste período de reclusão? Quais as atividades sexuais que você tem praticado? Ademais, utilizaram-se perguntas (de sim ou não) relativas a vida sexual ativa, uso de aplicativos para encontros (se sim: quais?), acesso à conteúdos pornográficos, aumento do acesso ao conteúdo pornográfico, prática de sexting e aumento da frequência de sexting.

Os participantes tiveram acesso ao Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) onde contém todas as informações sobre a pesquisa como determina a resolução 510/16 do Conselho Nacional de Saúde (CNS). Estima-se que foram necessários 20 minutos aproximadamente para finalizar a participação na pesquisa.

Análise dos dados

Os conteúdos sociodemográficos foram submetidos a análise descritiva a partir do programa estatístico IBM SPSS 23. Os elementos da entrevista semiestruturada foram submetidos ao software IRAMUTEQ que resulta na Classificação Hierárquica Descendente (CHD), no qual ocorre a obtenção de classes lexicais que são definidas por vocábulos particulares e pelos segmentos de texto que possuem essas sentenças (Camargo, 2018).

Resultados

Os dados das representações sociais sobre o comportamento social se analizan separadamente por grupo. Primeiro, apresenta-se as representações sociais de homens heterossexuais cisgêneros e em seguida de homens homossexuais cisgêneros. Em seguida, é analisado em síntese como podem ser compreendidas as intersecções das representações elencadas por ambos os grupos, para daí discutir-se as similaridades e contrastes grupais dos partícipes em busca de uma sensibilização da temática abordada, a vista também da incipiência da literatura à respeito.

Representações sociais do comportamento sexual entre homens heterossexuais cisgêneros

O corpus textual 1, foi composto por três classes representacionais, em que a terceira classe foi separada por uma partição. Ele foi formado por 104 segmentos de texto (ST) e, destes, 72.12% foram retidos para formar as classes, com 1819 ocorrências e 602 palavras. Os segmentos de textos obtiveram uma média de 17.49 palavras.

Na Figura 1, visualiza-se a divisão das classes. A classe 1, apresentou representações sociais direcionadas às vivências sexuais e masturbação; a classe 2 exibe as dificuldades advindas com o período de isolamento social; e a classe 3, a normalização das mudanças na vida sexual devido ao período de isolamento social.

Figura 1 Dendograma: comportamento sexual entre homens heterossexuais 

A classe 1, intitulada ''sexo e masturbação'', os que são casados ou vivem juntos relatam que as relações sexuais permanecem e enfatizam que há ansiedade devida ao panorama atual. Os solteiros e os que namoram enfatizam que a masturbação tem sido a forma de liberar o tesão sentido. As vivências sexuais mudaram, algumas pessoas estão em abstinência, outros inovam e fazem sexo virtual, utilizando-se de chamada de vídeo e troca de nudes pelo chat. Devido ao conhecimento compartilhado sobre as consequências da COVID-19 alguns evitam o contato sexual para não ter o risco de contágio. As representações sociais podem ser vistas nos seguintes discursos: ''Embora a vontade seja grande de fazer sexo durante o isolamento, precisamos nos prevenir ao máximo e evitar contatos. No período de quarentena só masturbação'' (Pedro, 25 anos, heterossexual, solteiro, espírita, ensino superior incompleto, vida sexual ativa, faz sexting).

Não são iguais às que tenho presencialmente com minha namorada, mas boas. Estamos descobrindo e lidando bem com o aprofundamento das relações sexuais virtuais, por meio de fotos, vídeos e mensagem. A saudade de ter a presença física da minha namorada. sexo virtual e masturbação são bons, mas prefiro o sexo a dois. (André, 19 anos, heterossexual, namorando, católico, ensino superior incompleto, vida sexual ativa, faz sexting)

A classe 2, ''Dificuldades de contato social'', apresenta representações sociais que exploram as dificuldades das vivências sexuais, e o isolamento é a principal dificuldade, tendo em vista que o sexo está associado a uma vida social. Os sujeitos abordam o medo do contágio e a insegurança de visitar alguma parceira sexual e se expor ao vírus. Como as representações sociais possibilitam o julgamento como justificativa para os comportamentos, o saber prático direciona estes indivíduos para a reclusão sexual, masturbação e sexo virtual como alternativas de enfrentamento durante o isolamento. O seguinte participante exemplifica em sua fala as representações sociais desta classe: ''Devido ao isolamento social e medo de transmissão, eu fiquei impossibilitado de tal ato, devido às dificuldades consequentes. Falta de contato físico, eventos para socialização e medo de transmissão'' (Breno, 22 anos, solteiro, católico, ensino superior incompleto, heterossexual, vida sexual ativa, faz sexting).

Na classe 3, que situou numa outra partição, as representações sociais descreveram a ''normalização e mudança'' ocorrida neste período de isolamento social. Aborda-se que a prática sexual continua normal, sem alterações, e ainda que, é normal reduzir a frequência devido a pandemia atual. Por exemplo, ''devido o distanciamento tem sido pouco frequente, mas é normal sexo em menor frequência'' (Avan, 31 anos, solteiro, heterossexual, católico, pós-graduação, vida sexual ativa, sem sexting). Os comportamentos sexuais, ''continuam normais, sem alterações. Nenhuma dificuldade. Liberdade total com minha parceira na cama'' (Diego, 33 anos, heterossexual, separado, ensino médio, vida sexual ativa, sem sexting).

Representações sociais do comportamento sexual entre homens homossexuais cisgêneros

Foram submetidos 100 textos para compilação no software IRAMUTEQ, que resultaram em 113 segmentos de textos, os quais 88 (77.88%) foram considerados relevantes semanticamente pela Classificação hierárquica descendente. A média de palavras por segmento de texto foi de 20.59, com 2327 ocorrências e 704 palavras. O corpus textual foi dividido em três classes, na qual a classe 1 situou-se em uma outra partição, enquanto as classes 2 e 3 se associaram. A classe 1, apresentou representações sociais sobre a dificuldade do contato físico e aumento do uso de tecnologias. A classe 2, relacionou-se a presença ou ausência de parceiros sexuais. E a classe 3, representações sociais direcionadas ao desejo sexual e limitações causadas pelo isolamento social. O dendograma na Figura 2 ilustra como estas classes foram hierarquizadas.

Figura 2 Dendograma: comportamento sexual entre homens gays 

A classe 1 ''alternativas virtuais'', explana representações sociais dos meios digitais como estratégia de enfrentamento e expressão sexual durante o isolamento social. A carência, saudades e vontade de ter contato físico é aliviada mediante a masturbação atrelada ao consumo de pornografia, contos eróticos, troca de nudes e sexo virtual. A percepção do medo advindo das consequências do COVID-19 permite que eles sigam as recomendações do Ministério da Saúde. As representações sociais sobre os comportamentos sexuais os levaram alguns a sentirem-se frustrados e solitários, por imaginarem como seria se estivessem em um relacionamento sério. E os que estão impossibilitados de verem os parceiros fica a saudade. Os discursos a seguir ilustram como os participantes organizam suas representações sociais nesta classe.

''Não há contato sexual de fato, há um consumo grande de material pornográfico e contato virtual, o qual existe a possibilidade de contato sexual pós quarentena. A necessidade do contato físico, um pouco de solidão, a libido que não dá trégua'' (Daniel, 24 anos, solteiro, homossexual, católico, superior incompleto, vida sexual ativa e faz sexting).

''Penso que podem acabar tornando nossas relações ainda mais vazias, por conta dos comportamentos sexuais online. O medo de se relacionar sexualmente com alguém. Sinto dificuldade em controlar o desejo por pornografia'' (Helder, 31 anos, solteiro, homossexual, católico, pós-graduação, vida sexual ativa e faz sexting).

A classe 2 foi titulada como ''(In)existência de parceiro fixo'', devido ancorar as representações sociais na sua realidade intraindividual de possuir ou não um parceiro sexual fixo. Neste sentido, as dificuldades atreladas aos comportamentos sexuais evocam o aumento de aspectos psicológicos como a ansiedade. A representação social ancorada no isolamento, ausência de sexo e aumento da masturbação elicia uma rede de informações que associam ao aumento da ansiedade, justificando-a. Como pode ser visto na fala do seguinte integrante:

Está sendo difícil, principalmente pela ausência de um parceiro sexual fixo. Tive que chamar dois amigos para uma visita íntima nessa prisão. Mas me sinto culpado e maioria do tempo tenho me masturbado. Uma dificuldade é que o sexo diminui a ansiedade e ausência dele compromete isso. Ai a masturbação aumenta. Vivo subindo pelas paredes, a flor da pele. Carência demais. Tenho praticado punheta, sexo virtual, troca de nude, assistindo lives pornográficas. (Vinicius, 29 anos, solteiro, homossexual, agnóstico, pós-graduação, vida sexual ativa, faz sexting)

Os que possuem parceiros fixos mantém alguns cuidados para que a prática sexual seja contínua, como o autocuidado com o contágio com o Covid-19 e relatam que praticam sexo oral e anal. Parte dos participantes declaram que percebem que a exposição social põe em risco a saúde, mas que continuam com uma vida sexual ativa com parceiros sexuais aleatórios. Identificou-se que na representação intergrupal de como as pessoas podem estar enfrentando dificuldades semelhantes e que podem reagir de diversas formas.

Até o momento não enfrentei dificuldades. Acredito que estas dificuldades podem aparecer para pessoas diversas, como por exemplo, quem não tem parceiro(a) fixo(a) ou que este esteja na linha de frente. Além de casais que com o passar do tempo reclusos perdem o apetite sexual por conta do estresse/isolamento. (Inocêncio, 25 anos, namorando, homossexual, católico, ensino superior, vida sexual ativa, sem sexting)

A classe 3, ''a vontade de transar'', traz representações sociais direcionadas ao desejo de ter relações sexuais, em que alguns gostariam de estar vivenciando e outros afirmam estar quebrando o isolamento por não conseguir viver sem sexo. Como enfatiza o participante ''é importante buscar alternativas e se reeducar pra não cair na tentação de quebrar o isolamento pra transar. Eu quebrei a quarentena pra transar algumas vezes'' (Valério, 27 anos, solteiro, homossexual, thelema, superior incompleto, vida sexual ativa, faz sexting). A vontade de ter sexo é impossibilitada pela necessidade de isolamento social. Evidenciou-se o aumento exponencial de masturbação como a solução mais prática para que o desejo sexual seja, parcialmente, saciado.

Síntese comparativa das representações sociais e aspectos intergrupais

Os dados sociodemográficos apresentam algumas características que diferenciam os intragrupos. Como a quantidade de homens gays que estão solteiros (68%) e casados (3%), enquanto os homens heterossexuais, 47% e 12%, respectivamente. As religiões não apresentaram diversificações relevantes. Quanto à escolaridade, a maioria dos homens gays possuem ensino superior (66%) e os heterossexuais 61% possuem o ensino médio, mas com 47% cursando o ensino superior. Ambos os grupos possuem dados que sobressaem quanto a vida sexual ativa, uso de pornografia e prática de sexting.

Identificou-se que os homens gays possuem maiores dificuldades em lidar com os comportamentos sexuais devido ao número de solteiros, sendo este grupo o que apresentou representações sociais de comportamentos de risco para a satisfação sexual. De todo modo, a masturbação predominou nos dois grupos como a manifestação sexual mais vivenciada e isto, mediante o uso das tecnologias. Dessa maneira, o contato social é mantido a distância, denotando a importância das relações interpessoais. Os heterossexuais normalizam a situação como enfrentamento, enquanto os homossexuais sobressaem na vontade de fazer sexo e as dificuldades psicológicas sentidas com a ausência de contato físico.

Discussão

Pandemia e isolamento social: possíveis desdobramentos

O isolamento social como medida de saúde pública para controle da transmissibilidade durante a pandemia de Covid-19 foi uma das primeiras a serem adotadas pelos órgãos de saúde dos países, como preconiza a OMS à luz do plano de prevenção e controle de infecções (PCI) da Covid-19 (World Health Organization, 2020). Entretanto, a Quarentena, como popularmente consagrou-se, data-se como uma das ações profiláticas mais comuns ao longo do tempo de crises sanitárias epidêmicas. Tornando-se conhecida por sua eficácia histórica, mas por também levantar discussões quanto aos aspectos bioéticos e a vulnerabilidade decorrente impostas aos quarentenados (Santos & Nascimento, 2014).

A vista disso, são cada vez mais frequentes estudos que se voltam para os desdobramentos da aplicação do isolamento social, atribuindo-se esse interesse principalmente quando se sabe que seus impactos carecem de ser investigados. De modo que se têm um cenário em que o distanciamento físico impera uma nova realidade a todos ao agir como medida generalista, mas, por conseguinte, emergindo também como variável com implicações distintas conforme aspectos de sexo, gênero, idade, escolaridade, classe social, entre outros (Bezerra et al., 2020).

Nesse ínterim, desigualdades sociais já existentes podem exacerbar-se nesse contexto da pandemia de Covid-19, de modo que as vicissitudes de minorias vulnerabilizadas possam ficar ainda mais fragilizadas. Nesse sentido, destacam-se questões relacionadas às minorias sexuais, como a população LGBT+, apontando-se para os cuidados necessários as particularidades psicossociais e em saúde que possam enfrentar nesse período (Rosa et al., 2020).

Assim, identificou-se nos resultados que os dois intragrupos enfrentam dificuldades sexuais neste período de pandemia. Sendo consonante com a literatura ao apontar que as alterações provocadas pelo distanciamento físico à vida sexual e afetiva não são unânimes e homogêneas, de modo que o ônus das recomendações do isolamento social nas práticas sexuais não são igualmente distribuídos entre indivíduos homossexuais e heterossexuais (Newman & Guta, 2020).

Com isso, as mudanças substanciais no comportamento sexual dos participantes coincidem com o que descreve a literatura sobre os efeitos do imbricamento entre o isolamento social, comportamentos de risco e sua relação com outros aspectos mais pujantes para práticas sexuais, os estados cívicos (e.g. solteiro, namorando, casado, união estável) (Jacob et al., 2020). Fato que se coaduna ao se analisar apenas esses extratos dos participantes do estudo, em que os homossexuais apresentam índices menores em 3 dos 4 apresentados, o que sugere que justifica-se, por exemplo, representações sociais objetivadas na busca por um parceiro sexual com maior frequência entre esse grupo.

Nesse intuito, entende-se que as representações ancoradas na presença do uso de tecnologias possam ser mais explicitadas entre os homossexuais, ainda que esteja presente nos dois grupos. Que coaduna com a literatura em que se sobressalta neste grupo o acesso aos conteúdos pornográficos como forma de aplacar impulsos sexuais, e que devido ao isolamento social tornou-se prática ensejada, juntamente a do Sexting e a masturbação (McKay et al, 2020; Sharma & Subramanyam, 2020).

Sendo consoante também que não se obtenha uma classe representacional com vínculos normativos para esse período como evidente entre os heterossexuais. E que pode relacionar-se ao que evidencia o estudo que entre homens que fazem sexo com homens seja maior a presença de solidão e ansiedade, a vista da diminuição da possibilidade de vínculos afetivos-sexuais devido a pandemia de Covid-19 (Sanchez et al., 2020).

É importante ressaltar que as representações sociais possuem uma relação intrínseca com a cultura. Nesse sentido, são dinâmicas e sofrem interferências dos meios de comunicação, pressupostos religiosos, políticos, científicos, além de modificações ao longo do tempo e entre culturas (Moscovici, 2015). Assim, as representações sociais ancoradas e objetivadas no uso de tecnologias dizem respeito a formas de satisfação sexuais ligadas à cultura e ao momento histórico, que por conta de uma pandemia, pode ter contribuído ao aumento de acessos a conteúdos pornográficos, por exemplo.

Implicações no uso da pornografia

No que tange o acesso aos conteúdos pornográficos, um estudo relatou algumas razões para o uso entre homens. Dentre eles, alguns homens abordaram que o principal motivo estava relacionado à satisfação pessoal, tendo como finalidade um momento de prazer, como também relataram que os acessos se tornavam mais frequentes quando se sentiam sozinhos, frustrados, carentes e quando as relações sexuais diminuíam (Baumel et al., 2019). Nesse sentido, esses dados corroboram com o presente estudo, visto que os homens relataram que, no período de isolamento social, sentiram-se mais solitários, ansiosos e, em muitos casos, distantes fisicamente dos parceiros(a), em maior número as pessoas homossexuais.

Contudo, estudos apontam alguns efeitos negativos quanto ao acesso de conteúdos pornográficos. Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa & Desenvolvimento em Florescimento Humano (2018), 1 a cada 10 homens afirmam vício em pornografia. Nesse viés, o desenvolvimento de um vício pode ser nocivo, visto que pode implicar em dificuldades nos vínculos sociais, baixa produtividade e, em muitos casos, a excitação sexual só é possível mediante ao acesso aos conteúdos pornográficos (Alves & Cavalhieri, 2019). Como também, as performances sexuais nos vídeos pornográficos, por vezes, retrataram desempenhos sexuais que diferem do que é possível na realidade, o que pode causar baixa estima e sentimento de frustração (Harvey, 2020).

Assim como a pornografia, a masturbação mostrou-se como um comportamento sexual frequente entre os homens do presente estudo. Uma pesquisa no Reino Unido demonstrou que a masturbação é uma prática comum entre os homens, sendo que 95% dos entrevistados relataram ter se masturbado ao menos uma vez na vida (Zimmer & Imhoff, 2020). Entretanto, estudos mostram que há uma associação entre masturbação em excesso e uma menor satisfação com a vida e o sexo (Perry, 2019). Por outro lado, são evidenciados aspectos positivos como satisfação pessoal, familiarização com o próprio corpo e obtenção do prazer sexual sem riscos à saúde.

Como considerações finais, o presente estudo, ao apreender as representações sociais do comportamento sexual no período do isolamento social da pandemia do COVID-19 entre homens heterossexuais e homossexuais cisgêneros, apresentou uma rede de significações ancorada e objetivada em comportamentos sexuais e sociais de risco: ansiedade, masturbação, sexting e uso de pornografia. Percebeu-se, em suas representações sociais, que os homossexuais possuem maiores dificuldades, pois a maioria não possui um relacionamento fixo e, consequentemente, estes estão frequentemente expostos aos riscos do COVID-19 ao buscarem parceiros sexuais mediante o uso das redes sociais.

Por ambos os grupos, o sexo é visto como um fator que proporciona satisfação física e psicológica, e a ausência da prática associada à necessidade de distanciamento social exacerba as vulnerabilidades psicológicas sentidas. Os homens heterossexuais enfatizam as dificuldades de contato social e o aumento da masturbação e normalizam a situação, pois se trata de uma realidade atípica. As representações sociais dos homens homossexuais revelaram as diferenças entre ter ou não um parceiro sexual, a vontade de fazer sexo e o uso das tecnologias como a alternativa assertiva. Os dois grupos apresentaram pessoas que saem de casa para ter sexo, demonstrando que a compulsão sexual se sobrepõe a segurança de saúde pública relacionada ao COVID-19.

Por se tratar de um estudo exploratório, identificou-se uma escassez de estudos que convergem a temática. Nota-se a necessidade de orientação da população sobre as práticas sexuais durante o isolamento social. Sair de casa para ter relações sexuais se trata de um comportamento de risco, neste sentido, sugere-se que os dispositivos de saúde poderiam implementar educação em saúde sexual pelas redes sociais a fim de conscientizar a população sobre a prática sexual neste período. Tendo em vista que a necessidade de satisfação sexual provoca negligência e imprudência social.

Dessarte, espera-se aqui também difundir informações que possam elucidar aspectos psicossociais da pandemia no contexto brasileiro, à vista que a literatura nacional principia em aprofundar dados à respeito da pluralidade que a pandemia e o isolamento social decorrem à grupos distintos. Bem como espera-se fomentar subsídios de enfrentamento, todavia, apesar que não se permita generalizações e retrate-se as RS da pandemia em uma parcela da população, demonstra-se a importância quanto à atenção às especificidades associadas a essa nova realidade social.

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Recebido: 25 de Junho de 2020; Aceito: 01 de Março de 2022

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