Introdução
A promoção da saúde é um dos pilares da política de saúde pública na maioria dos países ocidentais e apresenta especial relevância quando se verifica que os trabalhadores representam metade da população mundial, sendo os principais colaboradores para o desenvolvimento econômico e social1. A Organização Mundial da Saúde (OMS)2 apontou o local de trabalho como um dos ambientes prioritários para a promoção da saúde no século XXI, pois “a saúde, a segurança e o bem-estar dos trabalhadores são condições essenciais ao desenvolvimento socioeconômico equitativo e sustentável”3-5 de qualquer país.
Nas últimas décadas, o local de trabalho tem sido identificado como um cenário importante para a promoção da saúde, pois oferece uma estrutura eficiente para atingir grandes grupos6, com perspectivas em diferentes níveis de educação, potencializada pela diversidade social e cultural7,8.
Contudo, a saúde dos trabalhadores, mesmo na perspectiva do modelo biomédico, é pouco valorizada nas instituições e a abordagem da promoção da saúde nos locais de trabalho é imperceptível e pouco se enaltece os aspectos de bem-estar que o trabalho deveria proporcionar9.
No ensino superior a promoção da saúde apresenta uma oportunidade para alcançar muitas pessoas10, pois estudos salientam a importância da participação e do envolvimento da comunidade, sobretudo na formulação e implementação de políticas públicas saudáveis, na criação de ambientes favoráveis, no desenvolvimento de atitudes pessoais e na reorientação dos serviços a partir de três estratégias - advocacy, mediação e capacitação2, o que possibilita uma maior probabilidade de motivação para o trabalho, produtividade, saúde e melhor qualidade de vida dos indivíduos e da sociedade2,4.
Pesquisas com docentes e não docentes mostraram que os adoecimentos relacionados ao trabalho se elevaram internacionalmente devido ao aumento das pressões no trabalho, às longas jornadas de trabalho7,11, às lacunas na prática de gestão com pessoas, às perspectivas reduzidas de desenvolvimento de carreira e ao reconhecimento ineficiente, vistos como as principais fontes de estresse12. Por este motivo, tentando contrariar essa tendência e reconhecendo que uma cultura preventiva de saúde e segurança é uma tarefa indispensável a qualquer instituição, assim como a saúde dos trabalhadores que nela atuam, programas de promoção da saúde no local de trabalho resultam do “esforço conjunto de empregadores, trabalhadores e sociedade com vista a melhorar a saúde e o bem-estar das pessoas no trabalho”6.
Uma combinação de estratégias tem sido utilizada para alcançar estes objetivos, tais como: a) melhorar a organização e as condições de trabalho; b) promover a participação ativa dos trabalhadores no contexto de trabalho; c) promover escolhas/comportamentos saudáveis por parte dos trabalhadores; e d) promover o desenvolvimento pessoal e o contributo na melhoria da comunidade em que se insere o trabalhador2.
Assim, a adoção de medidas de intervenção em saúde por meio programas de promoção da saúde ocupacional permite criar espaços promotores de saúde em um contexto de trabalho que favoreça o estilo de vida e o bem-estar dos trabalhadores.
Neste sentido, este estudo tem como objetivo mapear e examinar os programas de promoção da saúde ocupacional com professores de instituições de ensino superior.
Método
Trata-se de um estudo de Revisão de escopo, conduzido de acordo com a metodologia proposta pelo Instituto Joanna Briggs (JBI)13, sendo desenvolvido na plataforma JBI Sumari. Este método de revisão permite mapear os principais conceitos, clarificar áreas de pesquisa e identificar lacunas do conhecimento14.
As etapas definidas para construção da questão de investigação, utilizando o acrônimo PCC, objetivos, critérios de inclusão e métodos de análise, para esta revisão foram especificadas e documentadas em um protocolo do estudo publicado. Os critérios de inclusão definidos em foram: 1. Artigos que abordem programas de promoção da saúde ocupacional implementados em universidades; 2. Sem restrição quanto ao método; 3. Sem restrição quanto à data; 4. Artigos em inglês, espanhol e português15.
Para tanto, a pergunta da revisão foi: quais programas de saúde ocupacional foram implementados com professores das Instituições de Ensino Superior? Mais especificamente, em que domínios e/ou áreas temáticas ocorreram os programas de promoção da saúde ocupacional implementados com professores do Ensino Superior? Quais foram os objetivos propostos pelos programas de promoção da saúde ocupacional implementados com professores do Ensino Superior? Quais as metodologias e/ou estratégias de intervenção foram utilizadas pelos programas de promoção da saúde ocupacional implementados com professores do Ensino Superior?
As bases de dados consultadas foram Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), Cumulative Index to Nursing and Allied (CINAHL), SCOPUS, PsycINFO e Web of Science. Fontes de estudos não publicados e literatura cinzenta foram pesquisadas nas bases Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) e Banco de Teses da CAPES (Brasil). Os termos de busca estavam relacionados aos programas de promoção da saúde e ao contexto de trabalho. A estratégia de pesquisa, incluindo todas as palavras-chave e unitermos, foi adaptada para cada fonte de informação incluída. As palavras-chave contidas nos títulos e resumos dos artigos relevantes foram utilizadas para desenvolver uma estratégia de pesquisa completa. Para busca de informações foram utilizados os descritores nos idiomas inglês, espanhol e português com o operador booleano AND, OR, NOT. A lista de referência de todos os estudos selecionados para avaliação crítica foi examinada para estudos adicionais e a busca em todas as bases de dados foi realizada em 05 de junho de 201915.
Após a pesquisa, todas as citações identificadas foram agrupadas e carregadas na plataforma Qatar Computing Research Institute - Rayyan QCRI16, como ferramenta de organização dos estudos identificados nas bases de dados, visando o rigor metodológico. Os estudos selecionados foram detalhadamente analisados por meio de um fichamento protocolar criado para este estudo. Foram observados os seguintes pontos: autor, ano, local, população/amostra, objetivos do estudo, metodologia adotada e principais intervenções. As razões para a exclusão de estudos completos foram registradas e relatadas no fluxograma PRISMA.
A apresentação das evidências considerou os pontos relevantes em cada artigo por meio de quadros e figuras a fim de facilitar a observação e o entendimento durante a apresentação dos resultados e discussão.
Resultados
Foram identificados 2.476 registros potencialmente relevantes. Outras fontes, como lista de referências de estudos e literatura cinzenta, forneceram mais 22 registros. Depois da remoção dos duplicados e da triagem de títulos e resumos, 57 estudos foram recuperados em textos completos e 29 foram excluídos com base em critérios de inclusão. Assim, resultaram para análise final um total de 28 artigos que fizeram parte desta revisão. A Figura 1 exibe o processo de busca, exclusão e seleção dos estudos encontrados em formato de diagrama de fluxo de Principais Itens para relatar em Revisões Sistemáticas e Metanálise (PRISMA)17.
Os 2811,18-44 artigos retidos para esta revisão foram publicados entre os anos de 1981 e 2018, observando-se maior número de publicações no ano de 2017, em revistas internacionais, indexadas. A maioria dos estudos foi realizada nos Estados Unidos da América18,20-28,31-33,37,40-42,44, o que representou 64% da amostra; seguida de 18%, do Brasil19,29,34,35,43, 3,6% da Escócia38, Colômbia39, Austrália11, Canadá30 e Nova Zelândia36, respectivamente.
Quanto à metodologia que utilizaram, dos vinte e oito estudos avaliados, apenas três foram randomizados37,43,44, nove eram estudos longitudinais18-20,22,24,30,32,33,41 dez eram estudos transversais11,25,27-29,31,36,38,39,42, os demais se caracterizavam como relatos de experiências21,23,26,34,35,40, desenvolvidos em instituições de ensino superior. Para facilitar a análise dos artigos, foi construído um quadro síntese (Quadro 1), no qual se escrevem os seguintes itens: autor, país/ano, contexto, participantes, intervenções/programa, de forma a potencializar o nosso alcance interpretativo dos achados.
Autor | País/Ano | Contexto | Participantes | Intervenções/Programa |
Abell CH, et al.18 | EUA / 2016 | Western Kentucky University | Professores e funcionários | Projeto de promoção da saúde |
Ribeiro SFR, et al.29 | BRASIL / 2016 | Universidade Federal da Grande Dourados | Professores e funcionários | Workshop de capacitação sobre bem-estar e promoção da saúde. Grupos focais, jogos piscodramáticos, rodas de conversas. Mostra de Talentos dos Servidores da Universidade. Atividade física. |
Brett CE, et al.38 | ESCÓCIA / 2017 | Scottish University | Professores e funcionários | Programa Caminho para Todos. |
Quimbaya E, et al.39 | COLÔMBIA / 2009 | Universidad del Caldas Colômbia | Professores e funcionários | Avaliação do estilo de vida e atividade física (IPAQ); Criação de um programa de atividade física saudável próximo ao local de trabalho para diminuir as barreiras de participação. |
Reger B, et al.40 | EUA / 2002 | West Virginia University | Professores, funcionários, gestores, estudantes | Avaliação sobre estilos de vida saudáveis, estado de saúde no início e ao término das 12 semanas. Reflexão, discussão e planificação de programas de bem-estar. |
Carter MR, et al.41 | EUA / 2011 | Alabama University | Professores, funcionários, estudantes | Programa “WellBama”. |
Haines DJ, et al.42 | EUA / 2007 | The Ohio State University | Professores e funcionários | Programa “Walking Virtual & Wellness”. |
Siegel P, et al.43 | BRASIL / 2016 | Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) | Professores, funcionários e estudantes | O programa de yoga. |
Leininger LJ, et al.44 | EUA / 2015 | University Public Metropolitan California | Professores, funcionários e administradores | Aplicação de um Questionário Internacional de Atividade física (IPAQ). |
Pignata S, et al.11 | AUSTRÁLIA / 2014 | Australian Universities | Professores e funcionários | Utilização dos instrumentos (Questionário Geral de Saúde, Satisfação no Trabalho, Compromisso Organizacional), em dois momentos (2000 e 2003/4). Workshop de capacitação sobre programas de assistência ao empregado. |
Mirra AP, et al.19 | BRASIL / 2016 | Universidade de São Paulo | Professores e funcionários | Programa de monitorização de inquéritos sobre prevalência do tabagismo (1980, 1995, 2006 e 2008). |
Rose A, et al.20 | EUA / 2017 | Virginia University, The North Carolina University, Michigan University | Professores, funcionários e familiares | - Universidade da Virgínia - “Hoo’s Well”. - Universidade de Michigan - “M-Healthy”. - Universidade da Carolina do Norte - programas individuais de bem-estar e eventos bem-sucedidos dentro da Campus Recreação. |
Crawford KS.21 | EUA / 2018 | Southeastern Louisiana State University | Professores | Instrumento de avaliação de presença ou ausência de saúde baseada no CDC/HSC. Proposta de criação de um Comitê de Saúde e Bem-Estar. |
Morrow E, et al.22 | EUA / 2018 | Utah University | Professores | Projetos de bem-estar nas estações de trabalho ativos, jogos focados no aumento das relações pessoais, meditação (mindfulness), flexibilidade de horário. |
Lloyd LK, et al.23 | EUA / 2017 | Texas University | Professores e funcionários | Programa de bem-estar para funcionários universitários. |
Mavis BE, et al.24 | EUA / 1992 | Michigan State University | Professores e funcionários | Atividades de promoção da saúde no local de trabalho. |
Buis LR, et al.25 | EUA / 2009 | University of Michigan | Professores, funcionários e estudantes | Programa Active U. |
Van Laan E, et al.26 | EUA / 1986 | California State University-Chico | Professores, funcionários e estudantes | Programa de Promoção da Saúde para a comunidade universitária. |
Burke TJ, et al.27 | EUA / 2017 | Iowa State University | Professores e funcionários | Programa de bem-estar no local de trabalho. |
MacRae N, et al.28 | EUA / 2015 | University of New England | Professores e funcionários | Programa de autocuidado e bem-estar para o corpo docente. |
MacDonald NE, et al.30 | CANADÁ / 2000 | University of Ottawa | Professores | “Neighborhood Watch and Connector Program” |
Love M, et al.31 | EUA / 1981 | University of South Carolina | Professores e funcionários | Projeto de Bem-estar do Corpo Docente/Funcionário. |
Goetzel RZ, et al.32 | EUA / 1996 | Duke University | Professores e funcionários | Programa Live for Life. |
Byrne DW, et al.33 | EUA / 2011 | Vanderbilt University | Professores e funcionários | Programa de Bem-estar no trabalho. |
Pinheiro FPHA, et al.34 | BRASIL / 2013 | Universidade Federal do Ceará | Professores e funcionários | Projeto ELABORar. |
Pinheiro LN, et al.35 | BRASIL/ 2017 | Universidade Federal do Rio de Janeiro | Professores e funcionários | Projeto Armazém das Artes no bem-estar. |
Mason IG, et al.36 | NOVA ZELANDIA / 2003 | Massey University | Professores, funcionários, gestores e estudantes | Programa de lixo zero |
Perryman SJ et al.37 | EUA / 1997 | Washington State University | Professores, funcionários | Programa de promoção da saúde no local de trabalho. |
A leitura e análise destes artigos permitiu verificar que das dimensões do bem-estar, a variável bem-estar emocional é comum a todos eles e que a capacitação individual se inclui em 27 dos 28 artigos.
Um estudo36 avaliou as políticas de saúde e inclusão de protocolo de responsabilidade ambiental nos currículos acadêmicos e, como consequência da avaliação realizada, elaborou e implementou a coleta seletiva de resíduos e gestão ambiental, os demais11,18-21,25-27,29,31-35,38,42,44 avaliaram a eficácia dos programas enquanto intervenção da promoção do bem-estar e estilo de vida saudável dos professores.
Conquanto a finalidade destes estudos fosse a descrição e análise de programas de promoção de saúde ocupacional implementados com professores de instituições de ensino superior verificamos que só três28,40,41 têm uma descrição da intervenção realizada.
Os principais objetivos dos programas identificados foram: impacto de programas de promoção de saúde31,32,35,42, efeitos de uma intervenção nos hábitos alimentares21,37,41 e incentivo à atividade física diária38,39,42,43
O mapeamento das dimensões foi realizado pelos investigadores, tendo em vista os pilares da Promoção da Saúde, definida na Carta de Ottawa, e as dimensões de bem-estar45 que contribuem para organizar ações que fortaleçam o potencial de saúde da população, apresentadas no Quadro 2.
Discussão
A leitura dos estudos selecionados permitiu verificar que a promoção da saúde nas instituições de ensino superior não é uma ideia verdadeiramente inovadora11,20,21,39,40,44. Embora o número de artigos com relatos de intervenção sejam escassos, a preocupação com a saúde e o bem-estar do estudante, docente e não docente ampliou sua visibilidade com o aparecimento dos serviços universitários de prestação de cuidados de saúde primários e dos serviços de aconselhamento psicológico18,29,43.
Em relação à pergunta de revisão, salienta-se que foi observado que os programas de promoção de saúde no local de trabalho que envolvem a atividade física têm mostrado efeitos positivos sobre o estado de saúde, a diminuição das visitas aos cuidados de saúde e o absentismo no trabalho22,24-28,30-32,38,41,42. Nesse sentido, vários estudos19,36,37 mostraram que a promoção integrada de saúde no local de trabalho, enfocando tanto o estilo de vida quanto os fatores de trabalho, necessita de uma responsabilidade compartilhada e participativa envolvendo os trabalhadores23,36,46-48.
Destaca-se também que a capacitação da comunidade e o desenvolvimento de habilidades individuais e coletivas foram as áreas de ação mais citadas nas evidências10,17-24,26-43. O empowerment, enquanto possibilidade de mudança da própria vida, e as oportunidades de aprendizagem sobre as questões de saúde são mencionados nas intervenções que visam à promoção da saúde física, mental e do bem-estar11,19-33,36-44. Neste contexto, a OMS cita que a literacia em saúde é um “conjunto de competências cognitivas e sociais que determinam a motivação e capacidade das pessoas de ter acesso, compreender e utilizar a informação de forma a promover e manter uma boa saúde”2,4, ou seja, capacidade de aplicar essas competências em situações de saúde e construir canais certos para que a informação em saúde se traduza em comportamentos saudáveis.
Estudos17,49-51 demostraram que o empowerment e a literacia em saúde associados a um programa de promoção da saúde podem resultar em um movimento de criação de ambientes saudáveis com avaliações multidimensionais no quesito saúde e bem-estar que favorecem a implementação de políticas públicas saudáveis52 por meio de ações intersetoriais coordenadas, mudanças organizacionais nas políticas de saúde e inclusão de protocolos de avaliação de bem-estar e saúde dos trabalhadores.
As evidências que retratam a implementação de políticas públicas saudáveis e a reorientação de serviços de saúde, tendo como resultado as transformações profundas na organização e financiamentos dos sistemas e serviços de saúde, foram os pilares menos referidos11,19-21,25,28,29,31-33,36,40,41. Apesar da escassez de referência acerca dos financiamentos e custos dos programas, alguns estudos apontaram que os benefícios oriundos das intervenções superam eventuais custos associados à sua implantação53-55.
Esses artigos sintetizavam o conhecimento assimilado após a implementação de programas multidimensionais dirigidos à comunidade acadêmica e ao ambiente. Assim, mediante o desenvolvimento de um contexto promotor de saúde, urge a necessidade de favorecer medidas de promoção da saúde no local de trabalho, tornando-a mais visível na pesquisa e na prática relacionada ao trabalho49.
Além dos aspectos citados, as evidências indicam tendências apresentadas pelos programas de saúde ocupacional nas universidades, conforme Figura 2.
A primeira tendência na reorientação do serviços, conforme Figura 2, se refere a como ocorre o comportamento organizacional frente à sua implementação. Comumente, a literatura indica a implementação de programas de saúde ocupacional a partir de ações macro organizacionais. Ações instituídas no topo da estrutura hierárquica e que são repassadas, de acordo com a cultura organizacional, em uma escala que se estende desde o comportamento recompensado ao comportamento coercitivo56. Isso não exclui que nessa escala seja incluído o comportamento aprendido57. As ações institucionais comumente carregam o favorecimento da máquina administrativa para obterem resultados efetivos, caso contrário, não estarão além do próprio ato normativo57,58.
Ainda com respeito ao comportamento organizacional, foi identificado um movimento oposto, com início na dimensão micro organizacional (Figura 2). Esse movimento tem seu início com pequenos projetos e em pequenos grupos, que, pela identificação comum em alguns aspectos, iniciam sua busca tendo, como motivação e incentivo, valores e objetivos pessoais. Tanto o convencimento como a adesão ocorrem na relação entre pares e se fortalecem pela afinidade59,60.
A segunda tendência observada se refere ao escopo do programa. As intervenções na área da saúde ocupacional assumem um movimento contínuo e expansivo, com relação às dimensões do bem-estar. Todos os programas realizaram intervenções na dimensão emocional com extensão para o social ou físico e, ainda, alguns apresentaram a inclusão das três dimensões, o que caracteriza programas com maior robustez e abrangência global quanto ao bem-estar de seu trabalhador61,62.
Na dimensão organizacional indicada pela OMS ocorre o mesmo. A implementação de políticas saudáveis não se encerra em si mesma, mas conduz à criação de ambientes saudáveis, capacita a comunidade, desenvolve habilidades individuais e coletivas e reorienta serviços de saúde, ou no sentido contrário, a depender do início do movimento63-65.
Limitações do estudo
Verificamos que a maioria dos estudos analisados não apresentaram a descrição da fase de implementação e avaliação dos programas, deste modo a apresentação dos dados foi limitada.
Conclusão
Neste estudo, o foco de análise compreendeu o mapeamento dos programas/estratégias de promoção de saúde ocupacional em professores de Instituições de Ensino Superior. Os programas assumiram que ao promoverem a literacia influenciariam o bem-estar e a qualidade de vida, sendo que esta influência é diretamente proporcional à amplitude dos programas quanto às dimensões da promoção da saúde envolvidas. As evidências identificam que as ações de promoção da saúde podem ter seu início em propostas macro organizacionais e se propagarem por meio de ações institucionais, mas também podem começar em ambientes micro e se alargarem por meio de multiplicadores, principalmente entre pares. Ambos movimentos podem contribuir para a mudança do status quo, conforme Figura 2.
Neste sentido, as evidências científicas encontradas com o presente estudo são importantes para a prática de enfermagem, uma vez que poderão nortear as intervenções em saúde ocupacional para criação de ambientes saudáveis e implementação de políticas públicas saudáveis que apoiam e reorientam as condições favoráveis à saúde dos indivíduos e coletividades, além de proporcionarem a promoção de bem-estar e do estilo de vida saudável nas universidades.
Conflitos de Interesse
Os autores declaram que não têm nenhum tipo de conflitos de interesse.