Introdução
As instituições de ensino superior de enfermagem devem intensificar a formação de enfermeiros, com elaboração de grade curricular compatível com as demandas de saúde da sociedade. A promoção de atividades extracurriculares pode contribuir com o processo de ensino-aprendizagem dos discentes, por propiciar a aquisição de conhecimentos, habilidades e capacitação para prática assistencial1.
Atividades extracurriculares como ligas acadêmicas podem influenciar diretamente no crescimento do discente, por meio de vivências e treinamento mais amplo2. Ligas são estratégias de aprendizagem, com vivência prática e clínica na formação em saúde, protagonizadas por discentes e supervisionadas por docentes com integração de ensino, pesquisa e extensão3. Dentre as ligas acadêmicas na área da saúde, ligas de urgência e emergência promovem impacto na formação em saúde e nos cuidados à população por permitir ao discente ligante a vivência de experiências que impulsionam o espírito crítico, criatividade, capacidade de discernimento, planejamento e ação4.
Para reduzir o número de complicações perante situações de emergência, os enfermeiros devem apresentar preparo cognitivo e prático, uma vez que, o atendimento especializado e ágil de clientes em situações clínicas ou cirúrgicas de urgência e emergência é um dos principais focos das ações de saúde pública5, principalmente no que tange a Parada Cardiopulmonar (PCR), por representar um problema de saúde pública com dimensão mundial, apesar dos avanços nos últimos anos relacionados à prevenção e tratamento6.
A PCR caracteriza-se pela ausência de consciência da vítima e pulso central rastreável com apneia ou gasping6. Para manter artificialmente a perfusão arterial de órgãos vitais, deve ser ofertado conjunto de manobras de ressuscitação cardiopulmonar (RCP)7 (reconhecimento de ausência de respiração e circulação, suporte básico à vida, com compressões torácicas e respiração de salvamento, suporte vital cardíaco avançado com controle definitivo das vias respiratórias e do ritmo e cuidados pós-reanimação).
Nos Estados Unidos, em 2011, mais de 320 mil vítimas de PCR foram atendidas, com taxa de sobrevivência e alta hospitalar de apenas 10,6%8. No Brasil, doenças do aparelho cardíaco e respiratório, são responsáveis pela ocorrência anual de 200 mil eventos de PCR9.
Para mudar esse cenário, é crucial que os discentes dos cursos de saúde sejam preparados para enfrentar a nova realidade epidemiológica acerca das disfunções cardiovasculares, por meio de pesquisas e atividades complementares desenvolvidas desde o início da graduação10.
Frente a esse contexto, surgiu a seguinte indagação: “Qual a competência de discentes de enfermagem ligantes e não ligantes no que tange a RCP?”, “Existe diferença de conhecimento e habilidade?”. Reverbera-se como hipótese que discentes de enfermagem que participam de ligas acadêmicas de urgência e emergência durante a graduação possuem mais competência no que se refere à assistência de pessoas vítimas de PCR.
É necessário evidenciar as competências dos acadêmicos e possibilitar maiores incentivos às atividades extracurriculares, uma vez que o impacto proporcionado pelas ligas sobre o desenvolvimento cognitivo, habilidade e benefícios ao rendimento acadêmico dos estudantes ainda é escasso na literatura11,12.
O estudo tem por objetivo comparar as competências de discentes de enfermagem ligantes e não ligantes em relação a ressuscitação cardiopulmonar.
Materiais e método
A população-alvo foi representada por 110 discentes do 7º, 8º e 9º semestres do curso de enfermagem, o qual acontece em regime integral, com currículo modular, organizado em 10 semestres, e regime conclusivo em cinco anos, com carga horária de 5060 horas. Estudo descritivo e quantitativo, realizado em Instituição de Ensino Superior (IES) pública do Nordeste do Brasil, no período de abril a julho de 2018.
Na referida IES existem duas ligas acadêmicas de urgência e emergência: Núcleo de Ensino e Extensão em Assistência Pré - Hospitalar (NEEAPH) e Liga de Enfermagem em Urgência e Emergência (LENUE).
O NEEAPH propicia a participação em ações de assistência pré-hospitalar no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). A LENUE promove aos discentes, oportunidades de aperfeiçoar conhecimentos, habilidades e atitudes no âmbito da assistência ao paciente em estado crítico, em hospital de ensino referência em urgências e emergências traumáticas.
Dos 110 discentes, 80 tiveram disponibilidade para participar e, assim, compuseram a amostra do estudo. Os critérios de inclusão adotados foram: idade igual ou superior a 18 anos e; estar devidamente matriculado no curso de enfermagem no 7º, 8º ou 9º semestre. Os critérios de exclusão foram ser bombeiro ou ter curso técnico em enfermagem, que acarretaria viés ao estudo, diante do preparo prévio; e se encontrar afastado das atividades acadêmicas devido à licença saúde ou maternidade. Optaram-se apenas pelos alunos nos períodos finais do curso, uma vez que nesta etapa eles já tiveram oportunidade de estudar os conteúdos teóricos e práticos relacionados à atuação do enfermeiro nas situações de emergência.
Para coleta de dados utilizou-se questionário com variáveis organizadas em duas partes: perfil dos discentes e teste de conhecimento sobre a temática com 24 questões objetivas sobre RCP, com base nas Diretrizes da American Heart Association (AHA) do guideline de 2015.
Após o preenchimento do instrumento, os discentes foram conduzidos individualmente a uma sala, para atender caso clínico de paciente irresponsivo. A habilidade prática de ressuscitação cardiopulmonar foi realizada em manequim adulto Little Anne®, que possui proporção anatômica e resistência torácica semelhante à humana. Uma doutora em enfermagem e duas enfermeiras com expertise na temática analisaram as práticas de habilidade com auxílio de checklist.
Os dados foram tabulados no Excel 2016 e analisados no programa estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 25. A análise estatística descritiva das variáveis categóricas foi apresentada em frequências absolutas e relativas e, para as variáveis contínuas, utilizou-se média e desvio-padrão. Para as variáveis quantitativas, verificou-se a normalidade dos dados para escolha dos testes. Utilizou-se o Teste de Mann Whitney para comparação entre os grupos e o Qui-Quadrado de Pearson nas comparações das variáveis categóricas. O nível de significância de 5% (p<0,05) foi adotado em todos os procedimentos analíticos.
Considerações éticas
A pesquisa seguiu as recomendações da Resolução n.º 466/12, do Conselho Nacional de Saúde, e todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, sob aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Estadual Vale do Acaraú, com parecer de n°2.529.077/2018 e CAAE: 80882417.3.0000.5053.
Resultados
Os discentes de enfermagem eram predominantemente do sexo feminino, com 62 mulheres (77,5%). A média de idade foi 22,7 anos (±2,8) no 7º semestre, 25,7 anos (±6,9) no 8º semestre e 23,8 anos (±2,3) no 9º semestre.
Em relação à experiência prática em ligas de urgência e emergência, 30 discentes eram atuantes em ligas, com maior quantitativo no 8º e 9º semestres, 66,5% e 45,9%, respectivamente.
A tabela 1 apresenta o conhecimento teórico dos discentes ligantes e não ligantes. Discentes ligantes foram significativamente melhores e diferiram estatisticamente em sete itens. Houve maior proporção de acertos dos ligantes, com índice ≥70% em 20 itens. Dentre eles, os com maiores acertos foram inerentes à identificação da vítima com PCR, região de verificação de pulso, disposição da vítima, definição de Desfibrilador Externo Automático (DEA), primeiro cuidado ao atender uma vítima desacordada e fármacos usados na PCR.
Os discentes não ligantes apresentaram rendimento inferior a 60% em seis itens e não pontuaram 100% em nenhum item. Os itens com menores acertos foram relacionados ao início das compressões torácicas, elos da cadeia de sobrevivência, manejo do DEA, posição das mãos e braços durante RCP, centímetros de compressão do tórax e ritmos cardíacos passíveis de choque (Tabela 1).
Acertos | |||
---|---|---|---|
Itens avaliados na prova teórica | Ligantes | Não Ligantes | p-valor† |
Abs (%) | Abs (%) | ||
Caracterizar a PCR | 28 (93,3) | 43 (86) | 0,315 |
Identificar a resposta da vítima desacordada | 30 (100) | 48 (96) | 0,267 |
Região de verificação de pulso | 30(100) | 49 (98) | 0,436 |
Início das compressões torácicas | 14 (46,7) | 17 (34) | 0,260 |
Elos da cadeia de sobrevivência | 11 (36,7) | 14 (28) | 0,418 |
Conduta após verificar irresponsividade | 29 (96,7) | 43 (86) | 0,124 |
Manejo do DEA | 11 (36,7) | 26 (52) | 0,183 |
Posição das mãos e braços durante RCP | 19 (63,3) | 23 (46) | 0,133 |
Disposição da vítima | 30 (100) | 48 (96) | 0,267 |
Quantidade de compressões/minuto | 29 (96,7) | 35 (70) | 0,004 |
Quantidade de compressões e respirações de emergência | 27 (90,0) | 37 (74) | 0,083 |
Centímetros de compressão do tórax | 23 (76,7) | 28 (56) | 0,063 |
Tempo de troca para que outro socorrista continue as compressões | 28 (93,3) | 41 (82) | 0,154 |
Nível de aplicação de força na compressão | 22 (73,3) | 36 (72) | 0,897 |
Momento de interromper as compressões | 26 (86,7) | 37 (74) | 0,180 |
Definição de DEA | 30 (100) | 45 (90) | 0,074 |
Utilização do DEA (passo a passo) | 21 (70) | 31 (62) | 0,468 |
Primeiro cuidado ao atender uma vítima desacordada | 30 (100) | 44 (88) | 0,049 |
Vias para administrar fármacos na PCR | 29 (96,7) | 44 (88) | 0,184 |
Fármacos mais administrados na PCR | 30 (100) | 46 (92) | 0,112 |
Propósito dos fármacos na PCR | 26 (86,7) | 39 (78) | 0,336 |
Profissional que checa o carrinho de parada | 27 (90) | 47 (94) | 0,511 |
Formas de ventilação da vítima em PCR | 29 (96,7) | 39 (78) | 0,024 |
Ritmos cardíacos passíveis de choque | 26 (86,7) | 24 (48) | 0,001 |
† Qui-quadrado de Pearson.
Fonte: Prova teórica sobre RCP
No quesito de habilidade, houve diferenças significativas em relação à prática dos discentes de enfermagem em 12 itens, dos 15 avaliados. Observase em 12 itens que o grupo de ligantes apresentou índice de acertos ≥70%, relacionados à avaliação da vítima, início das compressões e realização sem interrompêlas.
Acertos | |||
---|---|---|---|
Itens avaliados na prova prática | Ligantes | Não ligantes | p-valor |
Abs (%) | Abs (%) | † | |
1. Situou as mãos nos ombros da vítima e a movimentou | 28 (83,3) | 30 (60) | 0,001 |
2. Pronunciou sons para verificar responsividade da vítima | 28 (93,3) | 34 (68) | 0,009 |
3. Pediu ajuda | 20 (66,7) | 33 (66) | 0,951 |
4. Observou o tórax e abdome da vítima | 23 (76,7) | 25 (50) | 0,018 |
5. Dispôs-se ao lado ou próximo ao ombro da vítima | 30 (100) | 36 (72) | 0,001 |
6. Realizou a sobreposição das mãos | 27 (90) | 34 (68) | 0,025 |
7. Colocou a região hipotenar da mão no centro do tórax da vítima | 24 (80) | 28 (56) | 0,029 |
8. Dispôs os ombros a 90° com o tórax da vítima | 30 (100) | 31 (62) | 0,000 |
9. Começou as compressões torácicas | 29 (96,7) | 41 (82) | 0,055 |
10. Não flexionou os braços durante compressões torácicas | 28 (93,3) | 32 (64) | 0,003 |
11. Realizou a movimentação do seu tronco para aplicação da força nas compressões | 27 (90) | 28 (56) | 0,001 |
12. Efetuou as compressões na profundidade mínima estabelecida pela AHA (cinco cm) | 16 (53,3) | 19 (38) | 0,181 |
13. Efetuou as compressões na velocidade estabelecida pela AHA (100 a 120/min) | 15 (50) | 11 (22) | 0,010 |
14. Possibilitou o retorno torácico entre as compressões | 21 (70) | 30 (60) | 0,368 |
15. Realizou as compressões sem interrompê-las | 24 (80) | 23 (46) | 0,003 |
† Qui-quadrado de Pearson.
Fonte: Prova teórica sobre RCP
Os itens nos quais os acertos se apresentaram mais baixos nos dois grupos foram em relação à realização das compressões na profundidade mínima estabelecida pela AHA de cinco centímetros e na velocidade correta.
Discussão
Os dados obtidos na avaliação do desempenho dos discentes apontam diferenças estatisticamente significantes entre discentes ligantes e não ligantes. Discentes com participação em ligas apresentaram melhores médias de conhecimento para identificar a vítima em PCR, verificar corretamente a presença de pulso, disposição da vítima e ofertar os primeiros cuidados, além da administração de fármacos em PCR, e nas habilidades de avaliar a vítima, iniciar as compressões e realizá-las sem interrupções, com boa movimentação do tronco.
No quesito de conhecimento, os discentes ligantes apresentaram maior nível de conhecimento frente a PCR. Estudos brasileiros com escopo similar detectaram maiores percentuais de conhecimento e habilidade em acadêmicos ligantes, em relação àqueles que cumpriam apenas a grade curricular obrigatória13,14,15. Dessa forma, a atuação em ligas acadêmicas poderá beneficiar a aquisição de conhecimentos em situações de emergência e influenciar assistência ágil e qualificada.
Os participantes de ligas apresentaram melhor percentual de acertos em relação ao conhecimento dos requisitos para compressões torácicas efetivas. Pesquisas na Europa e Ásia identificaram que vivências extracurriculares durante a graduação aumentam significativamente o conhecimento de emergências em saúde16,17. Dados como esses são fundamentais para o sucesso no atendimento da vítima, uma vez que somente com compressões rápidas, profundas e socorrista alternado a cada dois minutos, pode-se elevar a taxa de sobrevida da vítima.
Em relação ao Desfibrilador Externo Automático (DEA), ambos os grupos de discentes apresentaram bons níveis de acertos quanto a sua definição, contudo, o manejo correto deste equipamento esteve deficiente. Pesquisas realizadas em instituições de ensino do Sul e Nordeste brasileiro demonstram déficit de conhecimento de acadêmicos de enfermagem em relação ao manejo correto do DEA18-20. Esse dado reflete a necessidade de programas de treinamentos em Suporte Básico de Vida (SBV) com utilização do DEA. Apesar de ser autoexplicativo em muitos casos, o conhecimento do seu funcionamento implicará em assistência ágil, uma vez que, quando disponível, deve ser imediatamente instalado na vítima. A desfibrilação precoce associada à RCP de alta qualidade é a chave para melhorar as taxas de sobrevivência à PCR súbita.
No que tange ao conhecimento dos discentes de enfermagem sobre os fármacos administrados em PCR, observou-se elevado índice de acertos em ambos os grupos. No suporte avançado de vida, drogas vasoativas podem estar relacionadas à melhores resultados, sendo relevante o conhecimento dos discentes para a administração correta dos fármacos em casos de emergências, mediante prescrição médica e garantir a segurança do paciente.
Em relação às habilidades, discentes ligantes foram significativamente melhores. Investigação realizada em instituição de ensino do Sudeste brasileiro identificou que participantes de ligas com caráter de emergência apresentam melhores níveis de competência para atuar frente a situações de emergência como a PCR21. Ressaltase a relevância das ligas acadêmicas no aperfeiçoamento do conhecimento e treinamento de habilidades dos discentes de enfermagem, para ofertar assistência adequada e minimizar a ocorrência de sequelas irreversíveis e reduzir as taxas de mortalidade.
Os discentes que não participavam de ligas apresentaram desempenho inferior na abordagem a vítima. Estudos realizados na África e Brasil verificaram déficit nas competências de enfermeiros para atuar junto à vítima em PCR22,23. Contudo, outros estudos brasileiros apontam que discentes que participam de ligas de urgência, emergência e cardiologia apresentam maiores competências em testes teóricos/práticos sobre RCP5,11,13.
Os ligantes do estudo apresentaram melhor atuação no posicionamento correto durante as manobras de compressão torácica. Pesquisas realizadas na Europa, Ásia e América Latina identificaram que ligas acadêmicas contribuem para a gênese de conhecimento técnico e científico bem fundamentado, melhoram o desempenho dos discentes e influenciam positivamente a qualificação profissional. Além disso, discentes que realizaram atividades práticas de suporte básico de vida apresentam melhor domínio para realizar compressões de forma eficaz2,11,21.
As vivências práticas e treinamentos permeados pelos plantões extracurriculares e demais atividades das ligas podem influenciar no atendimento da vítima e seu prognóstico e o desenvolvimento de competências dos discentes.
Na habilidade de efetuar as compressões torácicas na profundidade mínima estabelecida pela AHA, apenas 25% dos discentes não ligantes realizaram as compressões corretamente e 22% dos mesmos realizaram as compressões torácicas na velocidade correta.
Pesquisas realizadas na Índia e Brasil apontaram déficits na profundidade e velocidade correta das manobras de reanimação cardiopulmonar de discentes de enfermagem22,23. Déficits na velocidade e profundidade das compressões podem comprometer severamente a qualidade da ressuscitação e diminuir a probabilidade de reanimação da vítima ou culminar em sequelas irreversíveis.
Os discentes participantes de ligas foram significavamente melhores nos quesitos de velocidade, realizar a movimentação do seu tronco para aplicação da força nas compressões e sem interrompêlas. Estudo realizado no Sul do Brasil constatou que ligas acadêmicas são capazes de desenvolver habilidades e competências que raramente são estimuladas quando os discentes estudam apenas o currículo tradicional12. Isso promoverá efeitos positivos na formação e atuação profissional, com construção de uma visão dinâmica e versátil, pautada em habilidades, atitudes e autoconfiança.
As manobras de reanimação cardíaca exigem que o socorrista seja ágil, possua conhecimento e habilidade para ofertar uma ação rápida, que melhore as taxas de sobrevida em casos de PCR e diminua os riscos de sequelas incapacitantes. O profissional de enfermagem deve dispor de sabedoria e agilidade para estabelecer as medidas terapêuticas corretas e eficazes frente a causas emergenciais.
Assim, a formação profissional de futuros enfermeiros é algo que necessita ser avaliada e aperfeiçoada por meio de estratégias práticas dentro das instituições de ensino e serviços de saúde, para certificar que a equipe tenha conhecimentos, preparação e habilidades atualizadas, que evitem situações de emergência cardiológicas com desfechos fatais.
Por apoiaremse na interface ensino, pesquisa e extensão, os discentes incluídos em ligas assumem um papel ativo no processo de aprendizagem, com aprofundamento de novos conhecimentos teóricos e práticos, que fortalecem a enfermagem como ciência e profissão no contexto multiprofissional da saúde24.
Observase que ligas acadêmicas podem ser estratégias potentes no processo de ensino e aprendizagem, com contribuições para os discentes que veem nas ligas um instrumento de reforma do ensino, mais inclusivo, dinâmico e inovador.
A pesquisa apresenta a limitação de ter sido realizada em apenas uma universidade, em que se sugere a realização de novos estudos que possam comparar o conhecimento e habilidade entre ligantes de diversas IES públicas e privadas do Ceará ou de outras regiões, a fim de comparar novos dados sobre a temática.
Conclusão
Ligas acadêmicas de urgência e emergência apresentam contribuições significantes para a formação de competências dos discentes em enfermagem no que tange a reanimação cardiopulmonar.
As melhores médias de conhecimento foram evidenciadas no grupo de ligantes, nos itens de identificação da vítima com PCR, verificação da presença de pulso, disposição da vítima, primeiros cuidados ao identificar uma PCR e administração de fármacos. Nas habilidades de avaliar a vítima, iniciar as compressões e realizá-las sem interrupções, com movimentação do tronco para aplicação de força. Os pontos evidenciados com déficits em ambos os grupos de ligantes se concentraram no conhecimento sobre manejo do DEA e elos na cadeia de sobrevivência, e na habilidade de comprimir o tórax na velocidade e profundidade correta.
Este estudo poderá desencadear novas discussões acerca da intensificação na formação dos discentes de enfermagem e das contribuições de atividades extracurriculares como as ligas acadêmicas nos conhecimentos teóricos e práticos, uma vez que a universidade precisa proporcionar o aperfeiçoamento dos graduandos de enfermagem frente a procedimentos emergenciais como as manobras de reanimação cardiopulmonar.
Conflito de Interesse: os autores declaram não haver nenhum conflito de interesses.