Introdução
O processo de adoecimento traz inúmeras repercussões na vida das pessoas e suas famílias que vivenciam tal situação, em especial quando se trata de uma doença sem perspectivas de cura, a caminho da situação de terminalidade. As formas de enfrentamento de tais vivências pelo paciente, família e profissionais de saúde estão diretamente relacionadas com o estilo de comunicação estabelecido entre eles, bem como com o envolvimento nas decisões de fim de vida.
Alguns autores apontam que o não falar pode estar acompanhado de falhas na comunicação, podendo trazer repercussões que se mostram como uma possível negação da situação pelas pessoas envolvidas - pacientes e/ou familiares - gerando nestes o isolamento, quando demonstram uma possível fragilidade psíquica, que pode demonstrar sentimentos ou atitudes como indiferença e hostilidade, mas que contraditoriamente denuncia um silêncio velado, “um faz de conta” de aceitação, em que tudovaibem, que naverdade acusa algo que não se faz compreensívelo us uportável1,2.
Em contrapartida, a literatura também evidencia que o estresse gerado diante de um diagnóstico de doença terminal pode criar uma comunicação muito mais plena e profunda entre pacientes e familiares, e em outras situações, ter o efeito oposto1,3. Além do diagnóstico, ao abordar a temática da norte ou a sua iminência, dificilmente o paciente verbaliza sobre tal possibilidade ou condição a alguém, porém, aceitá-la enquanto condição humana torna-se saudável e necessário, no sentido de que por meio do acesso à verbalização, a morte é (re)significada e possivelmente (re)elaborada³.
No entanto, em muitas situações, a ocultação de tal informação, resulta no que pode ser chamado de Conspiração ou Pacto do Silêncio, definido como o acordo implícito ou explícito, por familiares, amigos e/ou profissionais, para alterar a informação fornecida ao paciente sem levar em conta o desejo de conhecimento do mesmo, comrelação a ocultação do diagnóstico, e/ou prognóstico e/ou gravidade da situação. Esta é considerada como uma barreira que se levanta a frente da verdade4,5.
Quando é o próprio paciente que não quer saber a verdade, não se pode dizer que se trata da conspiração do silêncio, e tal situação requer grande sensibilidade e capacidade de comunicação5.
Nesta perspectiva, evidencia-se que na literatura há muitas controvérsias acerca da conspiração ou pacto do silêncio em se tratando de pacientes comdoença terminal, em cuidados paliativos. No Brasil foi possível identificar durante a construção dessa revisão que pouco ainda se discute sobre essa realidade, cada vez mais vivenciada pelos profissionais de saúde, que se dedicam a cuidar de tais pacientes, o que confirma a importância/relevancia dessa discussão que transita entre os limites da ética e bioética profissional, e das questões jurídicas.
Diante desse contexto, nos sucedeu a seguinte inquietação: Como ocorre o fenômeno da conspiração do silêncio e suapresença identificada navivência de pacientes em cuidados paliativos, familiares e profissionais de saúde?.
Assim, este estudo teve como objetivo identificar o fenômeno da conspiração do silêncio na vivência de pacientes em cuidados paliativos, familiares e profissionais de saúde.
Materiais e métodos
O estudofoi realizado com base nos pressupostos da pesquisa de revisão integrativa, considerada como uma abordagem metodológica ampla no que se refere as revisões, pois permite a inclusão tanto de estudos experimentais, quanto estudosnão-experimentais para uma compreensão abrangente do fenômeno a ser analisado6.
Ademais a revisão integrativa colabora para a análise de pesquisas relevantes que subsidiam a tomada de decisão, propiciando a melhoria da prática clínica, e ainda sugere a identificação de lacunas do conhecimento que elucidam a necessidade de novos estudosna área da respectiva pesquisa7.
Para a elaboração desse estudo, foram seguidas seis fases8 sendo a 1ª fase: a elaboração da pregunta norteadora; 2ª Fase: busca de publicações na literatura sobre a temática; 3ª Fase: coleta de dados para seleção dos artigos; 4ª Fase: análise crítica dos estudos incluídos, esta fase demandou uma abordagem organizada para ponderar o rigor e as características de cada estudo; 5ª Fase: discussão dos resultados, quando ocorreu a interpretação e síntese dos resultados, comparando os dados evidenciados na análise dos artigosao referencial teórico. Além de identificar possíveis lacunas do conhecimento, foi possível delimitar prioridades para estudos futuros; e, finalmente a 6ª Fase: apresentação da revisão integrativa, de forma clara e completa para permitir aoleitor avaliar criticamente os resultados.
O processo de busca bibliográfica de publicações nacionais e internacionais foi realizado entre agosto a outubro de 2017, através da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) por meio dos descritores “Cuidados Paliativos”, “Cuidados Paliativos na terminalidade da vida” e “Conspiración de silencio” (este foi pesquisado em espanhol, pois em portugués não se obteve sucesso nas buscas), sendo AND o operador booleano utilizado. Desta forma, na BVS, na primeira busca realizada com tais descritores surgiram 6.366 documentos, os quais reduziram para 2.182 documentos quando aplicados os seguintes critérios de inclusão: Ano de publicação, últimos 10 (dez) anos (2008 a 2017); idiomas: português, inglês e espanhol; e texto completo. Foram excluídos estudos em duplicidade e que não se enquadraram ao objetivo da pesquisa.
Assim utilizamos a segunda busca com os uni-termos “conspiración de silencio” e “pacto de silencio”, por meio da leitura exploratória do título, resumo de cada referência, a identificação com o tema e leiturana íntegra foram selecionados nove artigos que fizeram parte da análise do estudo. Dos artigos selecionados sete (77,8%) eram indexados no Banco de Dados em Enfermagem (BDENF) e dois (22,2%) na Literatura latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS).
Desta maneira, foi realizada a leitura seletiva, analítica e interpretativa do universo de referências selecionadas relacionando-as ao objetivo da pesquisa. A leitura seletiva buscou analizar criticamente o texto e determinar de fato qual a matéria que interessaaoestudo. A leitura analítica teve por objetivo ordenar as informações contidas nas fontes, já a leitura interpretativa objetivou conferir um significado global dos dados encontrados, tornando possível uma associação com conhecimentos previamente obtidos9.
Considerações éticas
Por se tratar de uma pesquisa de revisão integrativa não foi necessário submissãoao Comitê de Ética em Pesquisa. Os dados foram analisados por meio da categorização temática, a fim de realizar uma análise do tema central e obter enfoques variados, de maneira a serem avaliados e organizados em categorias de acordó com suas ideias principais10.
Resultados
Nesta pesquisa de revisão integrativa foram analisados nove artigos (Tabela 1) com destaque para a escassez de estudos, considerando a publicação de apenas dois artigos nos anos de 2008 e 2016, um artigo em 2012, 2013, 2014, 2015 e 2017 sendo que não foram encontradas pesquisas sobre a temática pesquisada nos outros anos que faziam parte do recorte de tempo estabelecido para o estudo.
Nº | Título dos artigos/ Ano de Publicação | Autores | Periódico | Conclusão |
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01 | El pacto de silencio en los familiares de los pacientes oncológicos terminales. 2008 | Maria de los Ángeles Ruiz-Benítez de Lugo; Maria Cristina Coca | Psicooncologia | O fator temmaisna peso comunicação do diagnóstico é o medo de repercussões negativas que podem surgir a partir da comunicação do estado atual do paciente. O pacto ou a conspiração do silêncio nos parentes de pacientes oncológicos em situação terminal é umaconstruçãomensurável que apresentauma alta porcentagem de ocorrência. |
02 | Dos procesos de fin de vida: Cuando la intervención de los profesionales marca la diferencia. 2008 | Schmidt, J.; Montoya, R.; García-Caro, M.P.; Cruz, F.. | Index de Enfermeria | O conhecimentoouomissão do diagnóstico e prognóstico marca a diferença entre os doisprocessos e o luto subsequente da família. Umprocesso marca que o conhecimento da proximidade da própriamorte permite que o paciente e a famíliadesenvolvamestratégiasiniciais de luto e contribuem para fortalecer o senso de "autocontrole". O outroprocesso marca que a ignorânciadesse diagnóstico resulta em umesforçoinfrutífero pela alternativa curativa. |
03 | A conspiração do silêncio no ambiente hospitalar: quando o não falar faz barulho. 2012 | Camila Christine Volles; GreiciMaestriBussoletto; GiseliRodacoski. | Revista da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar | Os resultados Os resultados demonstraram que em todos os momentos percebe-se que o silênciovem camuflar oumaquiarumasituação que traz consigo dor, angústias e medos diante do desconhecidoou da certeza inaceitável |
04 | Conspiración del silencio en familiares y pacientes al final de la vida ingresados en una unidad de cuidadospaliativos: nivel de información y actitudes observadas. 2013 | José Carlos Bermejo, Marta Villacieros, Rosa Carabias, Ezequiel Sánchez, Belén Díaz-Albo | Medicina Paliativa | Háummaiorconhecimento do diagnóstico do que o prognóstico e o progresso é feito nos processos de informação. Mesmo assim, uma vez que há pacientes que nãoavançamsem mostrar atitude (nem eles nemseusparentes) para o conhecimento de suadoença. |
05 | Despedida silenciada: equipe médica, família, paciente - cúmplices da conspiração do silêncio. 2014 | MariaInêsFernandezRodriguez | Psicologia Revista | Indicoupossíveisestratégias de intervenções para diminuir a incidência do pacto, porémaindahoje, se vivenciammortessolitárias e despedidas silenciadas |
06 | El pacto de silencio desde la perspectiva de las personas cuidadoras de pacientes paliativos. 2015 | Ángela Cejudo López, Bego-na López López, Miguel Duarte Rodríguez, María Pilar Crespo Serván, Concepcion Coronado Illescas; Carlota de la Fuente Rodríguez | Enfermería Clinica | Identificou que a conspiraçãodo silêncio é gerada pelo bloqueio da comunicaçãoprofissional-paciente pela família; mentiras, para manterocultação; suspeita de que o paciente conhece a verdade; ocultação do médico responsável pelo processo do paciente, atenção paternalista; sentimentos de tristeza, sofrimento, resignação |
07 | Calidad de la información sobre el diagnóstico al paciente oncológico terminal. 2016 | Sergi Font-Ritort, José Antonio MartosGutiérrez, Mercedes Montoro-Loriteb y Lluís Mundet-Pons | Enfermería Clinica | Os pacientes terminais oncológicos apresentamconhecimento sobre seu diagnóstico, gerando que a conspiração do silêncioseja dada em menor grau. Este conhecimentosão transmitidos usando palavras diferentes e com a presença de eufemismos. |
08 | Conspiración de silencio en familias de pacientes oncológicos en etapa terminal. 2016 | Xiomara de la Caridad Guilarte Marrero; Carmen Regina Victoria GarciaViniegras; Belkys Leidis González Blanco | Revista del Hospital Psiquiátrico de La Habana | Para a maioria dos pacientes comcâncerestudadosfoi oculto seu diagnóstico e prognóstico, entretanto eles manifestaram a necessidade de saber sobre a suadoença |
09 | Conspiración de silencio: una barrera en la comunicación médico, paciente y família. 2017 | Espinoza-Suárez, Nataly R; Zapata del Mar, Carla Milagros; Mejía Pérez, Lina Andrea | Revista de Neuro- Psiquiatría | É importante definir o mais claramente possível a informação paciente e família sobre diagnóstico, doença e prognóstico, e receptividade total devem ser exercidas em suasdúvidas, crenças, expectativas e até mesmo os mitos ou fábulas que todos têm sobre a doença diagnosticada. |
Fonte: Elaboração dos autores.
A partir da análise dos estudos emergiram duas categorias: 1) O fenômeno da conspiração do silêncio e 2) Vivências da conspiração do silêncio: suporte para o paciente, apoio à família e conhecimento dos profissionais de saúde.
Discussão
Categoria 1: O fenômeno da conspiração do silêncio
Mesmo no fim da vida, a comunicação é uma ferramenta importante, isso parte de que as informações sobre o diagnóstico e prognóstico permitem que pacientes e familiares vivenciem esse período de forma menos dolorosa. Entretanto, em muitos casos o fenômeno da conspiração do silêncio se estabelece como uma cordo implícito ou explícito por parte dos familiares, amigos e profissionais objetivando ocultar o diagnóstico ou a gravidade da situação para o paciente11.
Um dos objetivos dos cuidados paliativos é permitir a prevalência da autonomia da pessoa frente a uma condição de enfermidade, sua tomada de decisões no que diz respeito a sua saúde, preservando e respeitando os valores e convicções dos pacientes e família. Desta maneira, como o núcleo familiar aborda a situação da terminalidade da vida depende de como o paciente e familia enfrentam a enfermidade e a morte4.
Estudo aponta que a comunicação desenvolvida entre a tríade equipe médica, família e paciente no processo de fim de vida deve ser aperfeiçoada para diminuir o impacto emocional e permitir assimilação gradual da realidade. Assim, quando o paciente e a familia apresentam respostas diferentes em relaçãoao tratamento ou questões de terminalidade de vida, sua comunicação fica ineficaz e partilhar sentimentos pode se tornar impossível no desejo de proteger o ente querido11.
A conspiração do silêncio constitui uma ação que elimina toda a possibilidade de analisar a origem e o desenvolvimento da enfermidade terminal, a qual pode ser motivada por diferentes causas: como evitar sofrimento para o paciente, forte paternalismo familiar, dificuldades de comunicação entre os profissionais de saúde, família e paciente, autoproteção dos profissionais de saúde e familiares frente a dificuldade de manejar e enfrentar as manifestações dos pacientes, falta de capacitação dos profissionais de saúdeno que dizrespeito a comunicação de más notícias, dificuldade de discutir a terminalidade da vida associada aos tabus gerados pela nossa sociedade, dentre outras4.
A conspiração do silêncioapresenta alta incidencia na atualidade, assim como as consequênciasgeradas por tal impacto, sendo que das consequências abordadas por algunsestudos é a confabulação de negação da informação, resultando nas mentiras piedosas, ouseja, que o paciente “vaisairdesse estado enfermo” e o sentimento da falta de honestidadepós a morte do ente querido, fato que dificulta o luto dos familiares no pós-morte do seu ente querido4,11,12.
Estudo demonstrou que um grande número de pacientes paliativos, sem comprometimento cognitivo, lhe falta informações sobre o diagnóstico e prognóstico, o que não acontece comseus familiares que conhecem que o paciente se apresenta em processo de terminalidade da vida13. Entretanto umestudo realizando com pacientes oncológicos em estado terminal apontou uma baixa conspiração do silêncio entre os pesquisados, eles descrevem os conhecimentos do diagnóstico através de palavras como câncer e tumor, o que pode justificar que o conhecimentofoi adquirido no momento do diagnóstico inicial e pode ter evoluído14.
Lopez e colaboradores destacaram em sua pesquisa que o pacto do silêncio é gerado pela crença de que dizer a verdade para o paciente em cuidado paliativo é prejudicial e que o processo de decisões compartilhadas é escasso. Alémdisso, afirma que a conspiração do silênciotrazaos familiares o sentimento de reduzir a dor do paciente frente à morte15.
Neste sentido, o conhecer sobre a proximidade da morte permite que o paciente e a famíliadesenvolvamestratégias de luto e reforçam o sentimento de autocontrole e tomada de decisão satisfatória16.
Categoria 2: Vivências da Conspiração do Silêncio: suporte para o paciente, apoio a família e conhecimento dos profissionais de saúde.
Frente a terminalidade da vida, tanto a familia quanto os pacientes apresentam reações emocionais de ansiedade, tristeza, culpa, impotência, raiva e medo e, neste sentido, é necessária uma comunicação eficaz. A familia experimenta desafios, não direcionada apenas ao papel de cuidador, mas a dor e o luto em relação à morteiminente. Neste sentido, para a família embebida de varios sentimentos, como objetivo de proteção e vendo como um ato de amor, solicitam que os profissionais de saúde não esclareçam toda a informação de diagnóstico e prognóstico, estabelecendo assim, a conspiração do silencio 11.
Pesquisa aborda que os pacientes envolvidoscom a conspiração do silêncio se sentem isolados, incompreendidos, enganados, ansiosos, deprimidos e se encontram impossibilitados de encerrarem assuntos importantes, tal situação impede as despedidas dos envueltos 11.
Para diminuir a conspiração do silêncio é necessário melhorar a relação dos profissionais de saúde com a família e paciente, humanizando o tratamento, melhorando a sensação de autocontrole por parte dos pacientes e familiares, abordando as más noticias sem pressa, entendendo como um processo e como tal, os pacientes e familia precisam ter oportunidade de fazerem perguntas e tirarem suas dúvidas, adaptando a informação em quantidade e qualidade de acordocom as emoções dos pacientes e família. A comunicação eficaz é um fator fundamental para adequada para o êxito do tratamento médico pois influenciará na adesão terapêutica e estado de ânimo dos envueltos 4, 11.
Entretanto verifica-se que apesar da temática sobre os cuidados paliativos ser relevante, é pouco discutida durante a formação profissional e não háatividades de educação permanente com os profissionais de saúde que desenvolvem o cuidado paliativo17.
Pesquisa apontou que a conspiração do silênciofoi experimentada por pacientes referindo uma comunicação inadequada, os quais enfrentaram obstáculos familiares com um clima tenso e negativo, crenças familiares perturbadoras ocultando o diagnóstico e prognóstico, quando os pacientes relatavam a manifestação da necessidade em saber sobre a sua enfermidade, assimesse clima familiar éum aspecto negativo em relaçãoao evento que a familia vem pasando 18.
É fato que existem diferentes olhares envolvidos nos cuidados paliativos, entretanto o melhor cuidado ao paciente pode ser desenvolvido a partir de um olhar compreensivo e interativo com os familiares19.
O perfil do conspirador pode ser descrito como de um membro da família de preferencia mulher que tem dificuldade na comunicação com o paciente, apresenta medo de repercussões da verdade, instabilidade emocional frente a morte e acredita que é melhor para o paciente viversem saber do seu diagnóstico e prognóstico, o que seria melhor para ele12.
Para Volles e colaboradores a conspiração do silêncio aparece como uma proteção seja do familiar do paciente ou dos profissionais de saúde, em outros momentos como uma expressão de negação para suportar o processo do morrer, o que não se pode afirmar se deveria ter feito e o que era o certo¹.
O cuidador da pessoa em cuidados de fim vida pode vivenciar varios sentimentos como angústia, tristeza e ansiedade, sentimentos inerentes a este momento complexo. Assim, entende-se que a comunicação da equipe com o cuidador sobre a aproximação da morte pode estimular um processo de elaboração psíquica destaexperiência, favorecendo a expressão de sentimentos e planejamento dos últimos momentos ao lado do paciente20.
Estudo aponta que os conhecimentos dos profissionais de saúde é um elemento necessário para manejar a conspiração do silêncio. Assim, é importante prevenir a conspiração do silêncio através de alguns pontos: os profissionais necessitam ter uma base de comunicação eficaz desde o início da relação profissionais, família e paciente e considerar que o paciente é dono da informação e que ele decide sobre sua vida e como deve ser gerenciada a informação sobre si; questionar se os pacientes desejam saber “toda a verdade”4.
Os profissionais de saúdedevem ter conhecimentos e habilidades necessárias para o manejo da informação e comunicação com o paciente terminal e seus familiares, é fundamental promover e manter a autonomia do paciente, principalmente se o paciente em estado terminal conserva suas funções cognitivas.
Conclusões
Os resultados desta pesquisa demonstraram que a comunicação é um instrumento importante para os pacientes em cuidados paliativos e que sua ação ineficaz gera a falta de conhecimento do diagnóstico e prognóstico para pacientes e/ou familiares.
Os estudos analisados apresentaram as barreiras e importância de se pesquisar sobre a conspiração do silêncio, devido a sua alta incidência, as suas causas, consequências para os pacientes e/ou familiares e a falta de conhecimentos dos profissionais de saúde frente a comunicação de más notícias. É necessário que a tríade paciente, família e profissionais de saúde estejam abertos para vivenciar sobre as questões de morte e morrer em cuidados paliativos, expresando suas dúvidas, medos, angústias e ansiedades proporcionando-lhes amparo à despedida que em algum momento será inevitável.
Assim, é necessário aprender ouvir os pacientes e familiares como objetivo de perceber como direcionar da melhor forma a comunicação sobre a terminalidade de vida, fornecendo autonomiaao paciente na condução das suas atitudes frente ao processo que está vivenciando. Uma família que manifesta o desejo de esconder um diagnóstico ou prognóstico de um paciente apresenta as suas limitações emocionais e precisa ser cuidada, acolhida e ouvida mesmo diante do momento. Desta forma, há momentos que a comunicação tem que abrir caminhos, aproximar as pessoas, permitir as expressões e sentimentos.