Introdução
A mudança demográfica no Brasil é uma realidade conhecida desde as últimas décadas, quando a população idosa do país era de aproximadamente 7 milhões de pessoas em 1980, passando para 11 milhões na década de 1990. Nesse curso em que o crescimento populacional se desloca, a projeção atual é de 34 milhões de indivíduos com mais de 60 anos em 2025. De tal modo, a população idosa brasileira irá tomar parte do equilíbrio da pirâmide etária mundial, cuja previsão para 2050 é de um bilhão e novecentos milhões de longevos, semelhante ao da população infantil de zero a 14 anos¹.
Ao observar o panorama do processo de envelhecimento da população brasileira, é possível notar a rapidez dessa transformação, a partir de um curto espaço de tempo. Fato decorrente do progresso dos condicionantes de saúde, que favoreceram a diminuição da mortalidade infantil, a redução da taxa de fecundidade, alcançando índices semelhantes a países desenvolvidos, incidindo no aumento da expectativa de vida. Todavia, não houve um planejamento apropriado para lidar com essa alteração demográfica, elevando o patamar imaginário às condições necessárias para um envelhecimento populacional ativo e saudável2.
Esse fato traz a necessidade de que as políticas públicas existentes, como a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI) sejam postas em práticas, de forma estruturada para atender às necessidades dessa fatia populacional, principalmente, no que diz respeito à promoção da saúde3.
A PNSPI propõe o desenvolvimento de estratégias multidimensionais e multisetoriais que previnam doenças e promovam a saúde no tocante a manutenção e aperfeiçoamento da capacidade funcional, recuperação e reabilitação de ordem física e mental, de modo que garanta a pessoa idosa prosseguir no espaço em que vive, interagindo com as pessoas, realizando suas atividades diárias básicas e instrumentais de maneira autônoma e independente no domicílio, na comunidade e na sociedade de modo geral, e com isso, alcançar melhor condição de vida e saúde4.
Dentro da perspectiva de ações multisetoriais, destacam-se as práticas extensionistas. Estratégias criadas pelas universidades públicas e privadas com o intuito de envolver discentes em ações sociais e educativas por meio do conhecimento teórico e das vivências com comunidades, a fim de prepará-los não apenas no âmbito técnico e científico, mas também, de se remodelarem nos processos assistenciais, de (re) construir novas formas de cuidado, constituindo-se em profissionais pensantes, capazes de refletir e agir socialmente, adotando uma postura de construtores de conhecimento, nos diversos âmbitos e lugares sociais5.
As instituições de ensino, por meio das ações extensionistas, além de efetivar a responsabilidade social, mantém o compromisso com o desenvolvimento do ser humano, por construírem e desenvolverem estratégias integrais cuidativas, por meio de um diálogo construtivo, baseado em orientações sobre o posicionamento humano no âmbito social, político e profissional, interagindo com a produção e/ou sistematização do conhecimento científico e popular entre docentes, discentes e a população6.
Deste modo, a extensão universitária apresenta-se como uma importante ferramenta favorecedora de vivências extramuros, possibilitando o encontro, de diversos saberes, socializando informações, orientações que interfere de forma imperante na saúde da população e formação dos profissionais de saúde envolvidos, tornando todos os atores ativos, reflexivos e críticos na sua forma de Ser, Saber e Fazer diante da condição de saúde e cuidado a ser exercido7.
A extensão universitária fundamentada nas concepções teórico-metodológica de Paulo Freire valoriza o saber prévio, a cultura popular e a interação entre o saber técnico-científico. As atividades são desenvolvidas por meio de uma comunicação dialógica. Deste modo, promove a participação ativa dos envolvidos nesse processo, impulsionando para novos aprendizados. No tocante as condições de vida e saúde, busca preservar a autonomia para enfrentamento dos problemas e particularidades que surgem. Ademais, dar vez e voz às pessoas idosas na luta por seus direitos sociais e principalmente, a serem respeitados como sujeitos provedores de saberes culturais8.
Como a extensão universitária se constitui de ações que viabiliza adequar o conhecimento prévio, a vivência hodierna com o ensino e a pesquisa, destinando-se a edificar novas formas de ser e fazer diante das necessidades de vida e saúde,9 este estudo utilizou como referencial teórico-metodológico as concepções pedagógicas de Paulo Freire, por compreender que toda ação educativa precisa ter significado para a sociedade.
Desse modo, o objetivo foi conhecer a percepção de estudantes sobre as contribuições da extensão universitária para a formação profissional na área do cuidado à pessoa idosa.
Materiais e métodos
O projeto de extensão universitário o qual foi desenvolvido neste estudo, tinha como objetivo proporcionar a interação de discentes com pessoas idosas, visando torná-los profissionais com visão crítica, científica e humana.
As ações educativas desenvolvidas durante o ano de 2018 foram realizadas por 20 discentes dos cursos de enfermagem, medicina e odontologia para 90 idosos, todos supervisionados por 03 docentes e 01 Psicóloga.
Compreendendo a magnitude dos fatores que envolvem o processo de envelhecimento, antes de programar as ações extencionistas, em cada idoso foi realizada uma avaliação global com ênfase na sua funcionalidade. A partir dos resultados, foram estratificadas as maiores necessidades e, em parceria com a clínica escola da instituição de ensino, os que precisavam de atendimento clínico especializado foram encaminhados para tratamento.
Após a seleção das maiores necessidades identificas pela avaliação global, as ações educativas foram planejadas, já com objetivos definidos. Todas as atividades de promoção à saúde foram elaboradas empregando as metodologias ativas de ensino, a qual favorece a interação de saberes.
As ações extensionistas tinham o intuito de impulsionar os discentes a atuarem dinamicamente, pondo em prática o que aprenderam nos componentes tradicionais de seus cursos, a vivenciarem desafios, buscando torná-los capazes de aprender e recriar permanentemente e consequentemente, ofertar uma assistência efetiva à população idosa, em busca de proporcionar um envelher saudável.
No que se refere à área da saúde, entende-se que a extensão oportuniza experiências voltadas à humanização, ao cuidado e à qualificação da atenção à saúde. Optou-se por utilizar o referencial teórico-metodológico de Paulo Freire8 por acreditar que este é referência para práticas educativas em saúde.
Trata-se de um estudo transversal, descritivo, de abordagem qualitativa, desenvolvido em um projeto de extensão universitário vinculado a uma instituição de ensino superior da rede privada, na cidade de João Pessoa, Paraíba, Brasil.
A amostra do estudo contemplou os 20 extensionistas cadastrados no projeto de extensão universitário do ano de 2018, para qual foram estabelecidos os seguintes critérios de inclusão: ter frequência semanal ativa nas atividades do projeto e de exclusão: não estar presentes no momento agendado para a entrevista.
A coleta dos dados for realizada no mês de agosto do ano citado por meio de entrevistas, guiadas por um roteiro semiestruturado, contendo questões referentes aos dados sociodemográficos e as seguintes questões norteadoras: Você acha que a extensão universitária contribui para a saúde das pessoas idosas? Como as experiências vividas na extensão universitária, vem contribuindo para a sua formação profissional humanizada? De acordo com sua experiência na extensão universitária, você acha que houve mudanças na sua forma de compreender o “cuidar” de pessoas idosas?
As entrevistas foram realizadas individualmente e gravadas por meio de um gravador de voz digital. Os áudios gravados no transcorrer do diálogo com os participantes foram ouvidos três vezes, para melhor compreender as respostas e transcrevê-las da forma mais fiel possível, a fim de não alterar o entendimento dos entrevistados. Logo, foram realizadas as transcrições para um computador, no programa Word 2010, com o intuito de registrar de forma documental todos os dados que posteriormente seriam utilizados como averbação da pesquisa.
O tempo de duração de cada entrevista foi aproximadamente de 20 a 30 minutos, obedecendo à técnica de saturação de respostas. Para melhor escuta e visualização do discente optou-se por realizar as entrevistas em uma sala de aula disponibilizada pela instituição.
Quanto à análise dos dados, o material coletado foi submetido à técnica de Análise de Conteúdo proposta por Bardin que compreende três etapas: pré-análise, exploração do conteúdo e interpretação dos resultados. Para facilitar a interpretação dos dados, por similaridade, os conteúdos foram agrupados em categorias e subcategorias. Importante dizer que, para manter o anonimato dos sujeitos, utilizou-se abreviação de entrevistado (E) acrescido de números romanos.
Optou-se por adotar essa técnica, por ser aplicável a discursos diversificados, visando obter procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição dos conteúdos das mensagens, permitindo inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção das mensagens.
O presente estudo respeitou os aspectos éticos contidos na Resolução nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde e foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da Faculdade de Enfermagem Nova Esperança sob protocolo 140/2018 e CAAE: 92880518.5.0000.5179.
Resultados
Do total de entrevistados, vinte estudantes eram do sexo feminino, sendo dez do curso de enfermagem, três de medicina, cinco de farmácia e duas de odontologia, com faixa etária entre 18 e 32 anos. Quanto ao estado civil, dezesseis mencionaram ser solteiras e quatro casadas. Autodeclararam-se católicas um total de quatorze, cinco evangélicas e uma delas espírita.
O material empírico foi submetido a um estudo mais aprofundado, orientado pelo objetivo e referencial teórico, visando à codificação que corresponde à transformação dos dados brutos do texto. Essa transformação, por recorte do texto, classificação e agregação, possibilitou o alcance de uma representação do conteúdo para formulação das categorias e subcategorias, conforme indica o quadro 1.
Após a análise do material coletado por meio das entrevistas, emergiram quatro categorias temáticas e oito subcategorias.
A primeira categoria: A ludicidade das atividades voltadas para promoção da saúde almejou apresentar a opinião dos discentes de que o lúdico é uma estratégia significante para promover situações de aprendizagem.
Diante dessa reflexão, foram elaboradas as subcategorias: Abordagem de conteúdos e O lúdico diante da informação e cosncientização. Diante dessas subcategorizações, é importante ressalvar que as pessoas idosas durante o processo de envelhecimento vivenciam declínios cognitivos, motores, sociais e culturais, onde o processo de aprendizagem torna-se mais lento para muitos.
Levando em consideração o exposto, as subcategorias demonstram que a forma lúdica na abordagem de temáticas na extensão universitária, oportuniza um aprendizado significativo aos idosos.
A segunda categoria denominada Inclusão e afetividade na apreensão de novas habilidades entre a teoria e a prática, representou como a extensão universitária influenciou na forma de como os discentes passaram a compreender como oferecer o cuidado às pessoas idosas. Dentro desta análise, foram nomeadas duas subcategorias: Afetividade na construção do processo educativo e a Quebra de paradigma para um novo olhar além do tempo.
Essas classificações permitiram observar que a inclusão e a afetividade devem fazer parte do contexto educativo/cuidativo. E que, as atitudes profissionais devem ser baseadas nas especificidades e subjetividades que envolvem a população geriátrica.
A terceira categoria: A extensão universitária como ferramenta de alcance para integralidade do cuidado e valorização do ser humano constituiu as subcategorias: Constituição acadêmica; Aprimoramento da teoria/prática; Extensão universitária: estratégia para a humanização. E a categoria: Ser/Saber e Fazer na extensão universitária descreveu a subcategoria: Unificando a educação e a cidadania. Todas estas, buscaram verificar como as experiências vividas pelos discentes na extensão universitária contribuem para a formação profissional.
Diante das categorizações acima, denota-se que a extensão universitária permitiu aos discentes compreender que a assistência à saúde deve ser fundamentada na integralidade do cuidado. E que, ações humanistas devem estar presentes no processo de atenção à saúde, perfilhando a importância de oportunizar a liberdade de expressão cultural e emocional do idoso para melhoria da qualidade de acolhimento e trabalho.
No quadro 2, as extensionistasrelataram as mudanças ocorridas na forma de compreender o “cuidar” de pessoas idosas, levando em consideração a experiência adquirida durante a extensão universitária.
O empenho em planejar o tipo de estratégia e relacioná-la as necessidades do idoso permite ao discente compreender que ele será um mediador de conhecimento, com condição de não só estimular e/ou influenciar mas também, de intervir nas reflexões deste.
O lúdico como método de ensino proporciona ao mediador (discentes) considerar a experiência adquirida dos sujeitos, perceber que o cuidado à saúde não deve ser voltado apenas para a cura e tratamento, mas sim, basear-se em uma abordagem holística, ou seja, uma atenção integral e integrada, respeitando a individualidade de cada um, suas especificidades, reconhecendo os direitos dos participantes pela busca por maiores condições que promovam uma saúde saudável.
As informações contidas no quadro 3 revelaram que a participação no projeto de extensão, possibilitou aos discentes compreender que as estratégias de cuidado aprendidas, despertaram um olhar mais afetuoso aos longevos.
O quadro 4 revela a autoavaliação dos discentes. As unidades temáticas demonstram que o cuidado destinado à pessoa idosa é repleto de aprendizado, devido à interação entre quem cuida e quem será cuidado.
Ficou claro que eles compreenderam o cuidado como uma prática complexa, que considera que aquele a quem se presta o cuidado é um ser digno, com necessidades não apenas biológicas, mas psicológicas, sociais e espirituais.
O quadro 5 intuiu que a extensão universitária é uma estratégia educativa que permite um aprendizado autônomo, capaz de analisar crítica e reflexivamente as relações humanas, a construir e reconstruir valores, contribuir para maior consciência dos direitos humanos e de cidadania, revelando-se, assim, um espaço de aprendizado das pessoas para o exercício de seus direitos e deveres.
Discussão
Os docentes participantes do projeto de extensão tinham o propósito de relacionar a pedagogia do pensamento de Paulo Freire na programação das atividades educativas. Para o autor citado, é necessário que a relação entre educador-educando, seja fomentada pelo interesse no desenvolvimento de uma consciência crítica acerca da realidade vivida.
Portanto, para o alcance das contribuições apresentadas, foi necessário que docentes e discentes interligassem as maiores necessidades funcionais dos idosos com a didática proposta.
Ver anexo en formato PDFQuadro1. Caracterização acerca da contribuição,experiência e formação profissional humanizado. João Pessoa, PB, Brasil,2018, Quadro 2. Análise de conteúdo temático acerca da ludicidade das atividades voltadas para promoção da saúde. João pessoa-PB, Brasil, 2018. Quadro 3. Análise de conteúdo temático acerca da extensão universitária como ferramenta de alcance para integralidade do cuidado e valorização do ser humano. João pessoa-PB, Brasil, 2018, Quadro 4. Análise de conteúdo temático acerca da inclusão e afetividade na apreensão de novas habilidades entre a teoria e a prática. João pessoa-PB, Brasil, 2018 y Quadro 5. Análise de conteúdo temático acerca do Ser/Saber e Fazer na extensão universitária.João pessoa-PB, Brasil, 2018.
Entende-se que para a definição do método, é necessário a identificação de situações-problema buscando o diálogo com os diferentes interlocutores permitindo assim, a superação de limites para ampliação dos horizontes e o prazer de aprender e produzir novos conhecimentos.
Diante disso, seguindo a concepção de Paulo Freire, o docente deve possibilitar a autonomia dos educandos através da construção de uma aprendizagem libertadora. Nesta perspectiva, realça-se a importância de saber a aplicabilidade dos métodos nas ações educativas a fim de despertar o conhecimento entre cognoscível e o cognoscente.
Para tanto, o planejamento e execução das estratégias educacionais voltadas para o público idoso foi norteado pelas atividades lúdicas com o propósito de realizar questionamentos e relatos de vivências pessoais proporcionando assim, uma participação ativa entre os participantes. Além disso,a proposta nas ações de educação em saúde fundamentando na ludicidade permite a conscientização das corresponsabilidades entre os envolvidos na construção da aprendizagem e saberes no processo saúde-doença de modo a motivar reflexão e criticidade do problema9.
Os benefícios concedidos pelo projeto de extensão se estendem a todos que fazem parte do programa e são percebidos pelos participantes por proporcionar um impacto positivo em relação à readequação de vida dos idosos e dos extensionistas em relação ao processo de formação profissional10.
Foi visto que as atividades lúdicas constituem importante ferramenta para problematizar e integrar saberes e práticas que venham contribuir para que os idosos sejam capazes de vivenciar e desempenhar o autocuidado11.
Desenvolver ações de promoção à saúde por meio da ludicidade favorece aos idosos a desenvolver a imaginação, criatividade e organização dos pensamentos. Dessa maneira, ao exercitar a forma lúdica o indivíduo envolve-se de forma competitiva e emocional, favorecendo seu desenvolvimento social, cultural e individual, o que contribui beneficamente para o seu desenvolvimento físico e mental12 conforme preconiza a PNSPI.
A extensão universitária apoiada no diálogo entre os discentes/docentes com os participantes idosos, favorece a interação de educandos e educadores de modo que a aquisição de novos conhecimentos e o incentivo ao desenvolvimento de habilidades e atitudes permitem a adoção de hábitos saudáveis, a fim de melhorar as condições de saúde.13 Desta forma, percebe-se que o método utilizado nas ações precisa ser equilibrado, integrando práticas que sejam compatíveis com a capacidade cognitiva do idoso, para assim, despertar mudanças para novos comportamentos e atitudes que reflitam na forma de como cuidam da saúde, do bem estar, cooperando assim, para um envelhecimento saudável14.
Além disso, contribui para o fortalecimento da autonomia, fomenta a interação entre os participantes, melhorando a participação coletiva em busca de ofertar melhor qualidade de vida e saúde a população idosa15.
Com relação aos discentes, foi visto nos quadros acima que a experiência na extensão universitária proporcionou o entendimento da importância da escuta qualificada durante o desenvolvimento das ações, condição que permite o desenvolvimento de atitudes compreensivas em relação às necessidades, elaboram experiências, aperfeiçoando as relações humanas, compreendendo a importância das pessoas idosas para a sociedade. Toda essa integração leva a práticas mediadas pelo diálogo, as quais fazem parte dos princípios da educação dialógica de Paulo Freire, que constitui importante ferramenta para integrar acadêmicos, docentes e comunidade, favorecendo a interação de educadores e educandos16.
Desse modo, vale destacar que a extensão é um instrumento que aproxima e constrói vínculos com as pessoas/comunidade7. Avigora que nesse processo de atuação, há uma formação e estabelecimento de atenção mútua. Além disso, oferece ao educador (discente) fortalecer o vínculo afetivo, a comunicação e a proximidade entre as partes envolvidas, além de propiciar o comprometimento para adquirirem novos saberes, caminhos para a efetividade de intervenções terapêuticas.17-18
A participação na extensão universitária proporcionou mudanças positivas nos estudantes, que se conscientizaram da importância de assistir a pessoa idosa de forma singular e ampla. O desenvolvimento de atividades grupais é essencial ao tratamento de doenças, sobretudo as crônicas não transmissíveis19 por possibilitar o diálogo, condição que ultrapassa as práticas tecnicistas e que provocam no idoso a possibilidade de tornar- se mais participativo no processo saúde-doença20.
Vale salientar, que no decorrer da ampliação das atividades de extensão universitária, notou-se a conscientização dos acadêmicos em relação a sua responsabilidade social, enquanto futuros propulsores de promoção da saúde. Para Paulo Freire, o ser humano está sempre buscando ações que justifiquem a sua ética por entender que educadores e educandos precisam legitimar a autonomia de ações transformadoras e reconhecer que a busca pelo conhecimento é inacabada21.
Esse fator possibilitou uma visão integral do atendimento à pessoa idosa, bem como, facilitou o intercâmbio de experiências entre docente, discente e comunidade, propiciando à elaboração e socialização de saberes científicos relacionados ao envelhecimento humano, tendo em vista o carinho dispensado a pessoa idosa e o desenvolvimento da humanização do cuidado.
Os discentes na extensão universitária aprendem a lidar com adversidades. São estimulados a buscar alternativas que viabilizem a execução das atividades, a fim de contribuir para melhoria da qualidade de vida dos indivíduos envolvidos22. Desta forma, a extensão universitária pode ser considerada como um processo que interliga todas as áreas de conhecimento por se tratar que a aquisição e transmissão de conhecimento deverão ser capazes de motivar à articulação de novos saberes entre os receptores23.
A unidade formadora tem o papel de inserir os acadêmicos na realidade do dia a dia e despertar neles uma visão crítica, política, social e econômica, além de incentivar a participação direta na prestação de serviços à comunidade em que este está inserido, estimular o conhecimento dos problemas sociais, com intuito de multiplicar os benefícios adquiridos a partir das pesquisas científicas e tecnológicas originadas na instituição24.
Conclusões
Neste estudo foi possível conhecer a percepção de discentes sobre as contribuições da extensão universitária para a formação profissional frente ao cuidado humanizado a pessoa idosa. Ressalta-se, que foi nítida a ampliação dos saberes que contemplam o conhecimento e o desenvolvimento de habilidades frente às atitudes e práticas diante da abordagem das necessidades da pessoa idosa.
A extensão universitária conduz os participantes a realizarem suas intervenções conforme preconiza a política de promoção à saúde, planejando, executando, avaliando, implementando e principalmente, reavaliando o cuidado ofertado. Principalmente, por adequar a ação à assistência prestada, de acordo com as necessidades de cada público.
Neste estudo, observou-se que as atividades lúdicas foram ações satisfatórias para o alcance da promoção à saúde, através da soma dos conhecimentos técnicos e científicos com o saber popular.
Ressalta-se que a extensão universitária, impactou os estudantes que foram sensibilizados a não basear o cuidado apenas em aspectos biológicos, porém a desenvolver uma assistência integral, acrescendo afeto no cuidado dispensado, ultrapassando a visão estigmatizadora sobre o idoso, tendo a possibilidade de ampliar seus conceitos e conhecimentos acerca dos cuidados humanísticos a ser dispensados a pessoa idosa e assim, tornarem-se profissionais mais capacitados e, sobretudo, humanos.
DECLARAÇÃO DE CONFLITO DE INTERESSES
As autoras afirmam não haver nenhum conflito de interesses.