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Actualidades Investigativas en Educación

On-line version ISSN 1409-4703Print version ISSN 1409-4703

Rev. Actual. Investig. Educ vol.22 n.3 San José Sep./Dec. 2022

http://dx.doi.org/10.15517/aie.v22i3.52111 

Ensayo

Prospecção de cenários para o ensino de Filosofia da Administração: negócios ou sabedoria prática?

Prospección de escenarios para la enseñanza de la Filosofía de la Administración: ¿Negocio o sabiduría práctica?

Scenario prospecting for teaching Management Philosophy: Business or practical wisdom?

Roberto Bazanini1 
http://orcid.org/0000-0002-1575-4791

Miguel Eugenio Minuzzi  Vilanova2 
http://orcid.org/0000-0003-4002-7518

Arnaldo Luiz Ryngelblum3 
http://orcid.org/0000-0003-3519-6333

1Professor permanente do Programa de Mestrado e Doutorado em Administração da Universidade Paulista (UNIP), São Paulo, Brasil. Doutor em Comunicação & Semiótica pela PUC-SP, Pós-Doutor em Comunicação pela Universidade Paulista (UNIP).

2Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Mato Grosso (IFMT), Mato Grosso, Brasil.

3Professor permanente do Programa de Mestrado e Doutorado em Administração da Universidade Paulista (UNIP), São Paulo, Brasil

Resumo

O estudo tem como objetivo discutir os paradigmas que orientam a produção do conhecimento filosófico no campo dos estudos organizacionais e, em decorrência, os possíveis direcionamentos que o ensino-aprendizagem da disciplina Filosofia da Administração para os cursos de Gestão Empresarial possam tomar na prospecção de cenários sobre a realidade brasileira, em especial, nos períodos de acentuada crise e pós-crise como a decorrente da COVID-19. Com o emprego da metodologia da Crítica Retórica e os procedimentos do Método Bazanini no Ensino de Filosofia, propostas essas, consoantes com a abordagem da Sociologia Compreensiva de Max Weber, acompanhados da técnica de Focus Group, foram abordadas a evolução, as peculiaridades da disciplina e, em decorrência, o questionamento: no cenário pós-pandemia que iremos enfrentar será possível contemplar os aspectos humanísticos e pragmáticos no ensino-aprendizagem da disciplina de Filosofia da Administração tendo como referência o modelo Stakeholders Capitalism? Os resultados das discussões remetem à ideia que os pilares do modelo Stakeholder Capitalism, na perspectiva ontológica e epistemológica do paradigma da Teoria dos Stakeholders, que se caracteriza pela concepção positivista e utilitarista dos relacionamentos entre os agentes envolvidos no empreendimento, ao omitir as exigências não pragmáticas do contexto social, constituem mais um modismo intelectual, em que a filosofia é substituída por mero procedimento retórico e transformada em filosofismo consolador. A contribuição desse ensaio crítico está em debater analiticamente a prospecção de cenários baseada na teoria e as nuances da sabedoria prática do ensino-aprendizagem no campo dos estudos organizacionais.

Palavras-chave Pandemia; Ensino de filosofia; Administração; Stakeholders

Resumen

El estudio tiene como objetivo discutir los paradigmas que orientan la producción de conocimiento filosófico en el campo de los estudios organizacionales y, en consecuencia, los posibles rumbos que la enseñanza y el aprendizaje de la disciplina Filosofía de la Administración para cursos de Gestión Empresarial pueden tomar en la prospección para escenarios sobre la realidad brasileña, especialmente en períodos de crisis acentuada y poscrisis, como la resultante a partir del COVID-19. Utilizando la metodología de la crítica retórica y los procedimientos del método Bazanini en la enseñanza de la filosofía, estas propuestas, en línea con el enfoque de la Sociología Integral de Max Weber, acompañadas de la técnica del Focus Group, abordaron la evolución, las peculiaridades de la disciplina y, en consecuencia, la pregunta: ¿en el escenario pospandemia que enfrentaremos?, ¿será posible contemplar los aspectos humanísticos y pragmáticos en la enseñanza-aprendizaje de la disciplina de Filosofía de la Administración referentes al modelo de Capitalismo de Stakeholders? Los resultados de las discusiones se refieren a la idea de que los pilares del modelo de Stakeholder Capitalism, en la perspectiva ontológica y epistemológica del paradigma de la Stakeholder Theory, que se caracteriza por la concepción positivista y utilitarista de las relaciones entre los agentes involucrados en la empresa, al omitir los requisitos no pragmáticos del contexto social, constituyen otra moda intelectual más en la que la filosofía es reemplazada por un mero procedimiento retórico y transformada en una filosofía consoladora. El aporte de este ensayo crítico radica en debatir analíticamente la prospección de escenarios a partir de la teoría y de los matices del saber práctico de enseñanza-aprendizaje en el campo de los estudios organizacionales.

Palabras clave Pandemia; Enseñanza de filosofía; Administración; Stakeholders

Abstract

The study aims to discuss the paradigms that guide the production of philosophical knowledge in the field of organizational studies and, as a result, the possible directions that the teaching and learning of the Philosophy of Administration discipline for Business Management courses can take in scenarios prospecting about the Brazilian reality, especially, in periods of acute crisis and post-crisis as the one resulting from COVID-19. Using the methodology of Rhetorical Criticism and the procedures of the Bazanini Method in Philosophy Teaching, these proposals, in consonance with the approach of Max Weber's comprehensive sociology, along with the Focus Group technique, the evolution, the peculiarities of the discipline were addressed, proposing the question: in the post-pandemic scenario, will it be possible to contemplate the humanistic and pragmatic aspects in the teaching-learning of the discipline of Philosophy of Administration with the Stakeholders Capitalism model as a reference? The results of the discussions refer to the idea that the pillars of the Stakeholder Capitalism model, in the ontological and epistemological perspective of the Stakeholder Theory model which is characterized by the positivist and utilitarian conception of the relationships between the agents involved in the enterprise, by omitting the non-pragmatic requirements from the social context, they constitute yet another intellectual fad, in which philosophy is replaced by mere rhetorical procedure and transformed into consoling philosophy. The contribution of this critical essay lies in analytically debating the prospecting of scenarios based on theory and the nuances of practical teaching-learning wisdom in the field of organizational studies.

Keywords Pandemics; Philosophy education; Management; Stakeholders

1. Introdução

O estudo tem como objetivo discutir os paradigmas que orientam a produção do conhecimento filosófico no campo dos estudos organizacionais e, em decorrência, os direcionamentos que o ensino-aprendizagem da disciplina Filosofia da Administração para os cursos de Gestão Empresarial possam tomar na realidade brasileira.

A crise do coronavírus (Covid-19) trouxe alguns dilemas para as empresas. Por um lado, o respeito à vida e por outro, a retomada da economia. Isto é pragmatismo ou humanismo?

Historicamente, inúmeros e complexos são os desafios que se apresentam para pessoas, organizações e sociedades na prospecção de cenários diante dos impactos de uma pandemia global. Em termos filosóficos, a crise do novo coronavírus (Covid-19) trouxe os dilemas das empresas entre o respeito à vida e a retomada da economia, isto é, pragmatismo ou humanismo?

O Jornal El Pais, por meio de uma publicação feita em 27/03/2020, relata que no Brasil, desde o início da pandemia, ocorreram manifestações incisivas contra as medidas de isolamento social, as quais chegaram a minimizar as mortes provocadas pela doença. Segundo esta publicação, tais manifestações foram estimuladas por declarações contundentes do Governo Federal que se pronunciou em rede nacional, em 24/03/2020, para criticar o fechamento das escolas e do comércio, culpando a imprensa pelo clima de ''histeria'' (Palácio do Planalto, 2020).

Em consonância com o posicionamento do Governo Federal, alguns membros do setor empresarial manifestaram que as consequências econômicas seriam muito maiores do que as pessoas que morreriam pela pandemia. Outros se dirigiam diretamente aos seus funcionários em quarentena, afirmando que, ao invés de estarem receosos em contrair o vírus, os funcionários deveriam também estar com medo de perder o emprego (Uol, em São Paulo, 24/03/2020).

Contrariamente a esses, outros grupos pertencentes também ao setor empresarial, apesar de perceberem os efeitos da pandemia, primaram por desenvolver ações solidárias e recomendação de isolamento social ao apresentarem iniciativas para diminuir a curva de disseminação da pandemia e, ao mesmo tempo, ajudar aos infectados. (Veja/SP, 03/04/2020). Outras empresas se comprometeram a doar parte da receita líquida adquirida em determinado período para o Sistema Universal de Saúde (SUS), dentre outras ações (Folha de São Paulo, 03/06/2020).

Desse dilema que servirá de mote para esse ensaio sobre o emprego da sabedoria prática na resolução de problemas crônicos, surge então o questionamento: como as orientações filosóficas presentes nos modelos administrativos podem contribuir nas práticas executivas na reconstrução de cenários pós-COVID-19?

Etimologicamente, a sabedoria prática (phrónesis) é definida como prudência, imprescindível em processos de deliberação, decisão e ação do empreendimento organizacional, acentuadamente, em períodos de crise social e turbulência de mercados em que perspectivas inovadoras, necessariamente, devem estar presentes na prospecção de novos cenários (Bachmann, Habisch e Dierksmeter, 2018). Contudo, em termos acadêmicos, constatou-se, no período da COVID-19, que boa parte dos artigos publicados no Brasil sobre filosofia abordaram aspectos meramente descritivos da pandemia, isto é, somente observaram, registraram e analisaram os fenômenos ou sistemas técnicos, sem adentrarem no mérito dos conteúdos (De Carvalho, 2021).

Com esse intuito, na reunião de Focus Group, por meio do suporte da sociologia compreensiva (Weber, 2004) e escolha da metodologia da Crítica Retórica (Cathcart, 1972; Halliday, 1987) e do Método Bazanini no Ensino de Filosofia (Bazanini, 2007) aplicado aos pilares do modelo Stakeholder Capitalism, com foco nas condições de origem dos conteúdos e de breves relatos de experiências dos docentes. A Sociologia Compreensiva propicia uma forma de entender quais são as motivações, as vontades, desejos e os sentidos relativos às ações sociais; a Metodologia da Crítica Retórica propicia mapear o contexto, o perfil e as intenções subjacentes dos agentes envolvidos em determinado empreendimento; o Método Bazanini destaca as características dos conteúdos filosóficos na gestão empresarial.

Evitou-se, assim, tanto ficar restrito aos aspectos meramente descritivos quanto reproduzir visões já recorrentes nos estudos relacionados apenas à dicotomia metodologias tradicionais e metodologias ativas.

O desenvolvimento deste ensaio é resultado de uma reunião entre docentes da Universidade da região do Grande ABC em São Paulo, realizada em 05 de fevereiro de 2022. A amostra por conveniência se deu em decorrência da disposição dos membros do corpo docente em participar da pesquisa e foi composta por dois membros da disciplina Filosofia da Administração (FA1 e FA2), um membro da disciplina Teoria das Organizações (TO) e um membro da disciplina Metodologia do Trabalho Acadêmico (MTA) para os cursos de Administração e Gestão de Negócios sobre as perspectivas do ensino da disciplina no cenário pós-pandemia.

Inicialmente foi apresentado aos presentes três questões por escrito que, posteriormente, seriam respondidas e discutidas junto aos demais participantes do Focus Group. A técnica do Focus Group requer um conjunto de pessoas reunidas presencialmente em uma sala com o objetivo de responder algumas perguntas abertas de uma pesquisa qualitativa (Meneghetti, 2011).

Os participantes foram informados do atendimento aos preceitos éticos para pesquisa com seres humanos (anonimato, privacidade, direito de desistência dos pesquisados) e também que, os resultados dos debates seriam sistematizados e, posteriormente, elaborado um relatório na forma de ensaio sobre o ensino-aprendizagem da disciplina Filosofia da Administração para os cursos de Gestão Empresarial.

Após a entrega das respostas dos membros do corpo docente, como inspiração para os debates que se iniciaram, a moderadora leu a célebre passagem do texto do escritor americano do século XIX Charles Dickens: ''Negócios, gritou o fantasma, torcendo as mãos novamente. A humanidade foi o meu negócio, o bem comum foi o meu negócio. O meu ramo de atividade foi apenas uma gota d'agua no oceano de meus negócios'' (Dickens, 1976, p. 14).

Lido o texto, fez-se silêncio. Em seguida, a reunião prosseguiu com a fala do MTA que apresentou as características do modelo Stakeholder Capitalism sobre o desenvolvimento do tema, descrito no próximo item desse ensaio.

Embora Meneghetti (2011) afirme que o ensaio não necessariamente requer pesquisa empírica, entendemos que cada caso tem suas peculiaridades. O ensaio investigativo na administração possibilita uma espécie de ''vir-a-ser'' ao fornecer um elo entre o conhecimento existente e o novo, ambos baseados na originalidade e tem como benefício a capacidade de quebrar a lógica esquemática e sistemática da ciência positivista tradicional. Por isso, na abordagem avaliativa de uma disciplina tão ampla quanto o ensino-aprendizagem da disciplina Filosofia da Administração, com o auxílio dos pressupostos da sociologia compreensiva proposta por Weber (2004) considerou-se que a coleta de dados junto aos professores viria a enriquecer as discussões teóricas e contribuir na compreensão dos saberes práticos.

Nesta linha de raciocínio, concebe-se que, nesse ensaio, pelas particularidades do objeto de análise, que a reflexão teórica e epistemológica, caso ficasse restrita apenas à coleta de dados secundários, se tornaria estéril, visto que, a prática cotidiana dos professores em sala de aula junto aos educandos e o relato dessas experiências de forma espontânea junto aos demais colegas possibilitaram a captação de dados primários que se tornaram complementares e, ao mesmo tempo, essenciais para o desenvolvimento pluralista e crítico do tema.

2. Desenvolvimento do Tema

2.1. Proposição

Na prospecção de cenários, nos períodos de acentuada crise e pós-crise como a decorrente da COVID-19, na realidade brasileira, o emprego e interpretação dos conteúdos filosóficos voltados para os cursos de gestão empresarial, tendo como referência paradigmas organizacionais, podem conduzir a direcionamentos distintos. Por um lado, podem se constituir em modelos pertinentes para os educandos ao contemplar as exigências do contexto social, por outro, ao negligenciá-los, por meio de discursos compostos de universais abstratos, conceito este que pode ser entendido como o discurso capaz de transformar conteúdos complexos, deslocados de sua concretude, tornando-se assim, em mero filosofismo consolador, ao omitir que a criticidade no processo de conhecer somente emerge se houver relação dialética entre contexto teórico e empírico (Bazanini, 2005, Foucault, 2003, Lefbvre 1986).

Comumente, os paradigmas presentes nos estudos relacionados às disciplinas de Administração propõem ''soluções'' para problemas organizacionais, porém, sem esclarecer os interesses por detrás desses estudos, como deve ocorrer na perspectiva filosófica, Ou seja: sua praticidade é evidente, principalmente, em sua concepção da verdade; do fato de que nosso conhecimento infere que o que é verdadeiro se reduz ao que é útil, minando assim a própria essência do conhecimento (Sánchez Vázquez, 1990, p. 211).

Para os propósitos desse ensaio o termo útil se refere aos interesses dos grupos dominantes, com ênfase nos aspectos econômicos enquanto o termo verdadeiro contempla a dignidade do ser humano em sua inteireza. A necessidade de pontuar esses termos ocorreu pela sugestão do membro do corpo docente responsável pela Metodologia do Trabalho Acadêmico (MTA), ao propor a necessidade de atualizar conteúdos, tendo como base a discussão dos pilares ideológicos (Governança, Planeta, Pessoas, Prosperidade) presentes do modelo Stakeholder Capitalism (Freeman e By, 2022).

Em sua explanação, antes do início da reunião Focus Group, o professor relatou que no Brasil, em 1993, desde a implementação da disciplina Filosofia nos cursos de Administração, uma das principais dificuldades se relaciona à controvérsia que se estabelece entre os aspectos pragmáticos do mundo dos negócios e o humanismo reflexivo dos conceitos filosóficos. Qual desses aspectos deve se privilegiar na prospecção de cenários pós-pandemia que iremos enfrentar?

Os defensores da visão pragmática concebem que a Administração de Empresas deve ser compreendida mais como uma prática ou mesmo técnica do que como uma ciência, visto que, enquanto técnica (de trabalho industrial, administrativo e comercial) por mediação do trabalho afasta-se das determinações sociais reais, compondo-se num universo sistemático e organizado (Tragtenberg, 1971).

Após a explanação do membro do corpo docente responsável pela disciplina MTA, o grupo concordou com a sugestão de que o modelo Stakeholder Capitalism fosse analisado na reunião de Focus Group para, talvez, ser adotado futuramente como conteúdo básico da disciplina Filosofia da Administração, por entender que os pressupostos do modelo oferecem conteúdos mais adequados, comparativamente à adoção de manuais ou às concepções ideológicas contestadoras, tais como, que não se coadunam com as atividades empresariais contemporâneas.

Também, a questão da pedagogia do método propostos por Halliday (1987) e Bazanini (2007) e o rigor na pesquisa qualitativa e sua contrapartida, a flexibilidade, foram consideradas relevantes na análise das respostas. O valor ontológico da pesquisa qualitativa é definido por um exercício que se apoia em outro rigor, ou seja, um rigor com margem para a flexibilidade, como explica Galeffi (2009, p. 24) ''(...) é preciso perder por primeiro a crença em uma verdade-mundo já consolidada e definitiva, para que o mundo seja reconquistado por nós em seu vigor originário''.

Assim, foi consenso entre os participantes, além da análise sobre o modelo Stakeholder Capitalism (Freeman e By, 2022) que a metodologia da Crítica Retórica (Halliday, 1987) e do Método Bazanini no Ensino de Filosofia (Bazanini, 2005), métodos esses, amplamente conhecidos no ensino de filosofia, fossem discutidos criticamente por recomendarem procedimentos que permitem aclarar o conceito de sabedoria prática (phrónesis) nos cursos de Administração, com base na investigação das exigências do contexto social decorrentes do cenário pós-Covid-19.

Este rigor e flexibilidade inerentes da pesquisa qualitativa propiciaram um clima favorável para o desenvolvimento e aprofundamento da temática. Posteriormente, na elaboração do texto final, coube à moderadora, a sistematização dos apontamentos e sua formulação na forma de ensaio, cujos pontos elencados foram corrigidos e aperfeiçoados pelas sugestões dos participantes do Focus Group.

2.2. Argumentos para a discussão

2.2.1. Pragmatismo e Humanismo nos modelos de gestão

Na prospecção de cenários, do ponto de vista das teorias de administração, as crises na economia tendem a ocorrer periodicamente e, consequentemente, as discussões entre pragmatismo e humanismo sempre estiveram presentes nesses períodos pela busca de novos modelos de gestão.

A crise de 1929 evidenciou a importância dos aspectos voltados para segurança, afeição, prestígio, aprovação social e autorrealização contidos no modelo da Teoria das Relações Humanas (proposta por cientistas sociais) em substituição aos pressupostos rígidos e mecanicistas da Administração Clássica (desenvolvidos por engenheiros). Nesse cenário, a Doutrina do Interesse do Acionista, criada em 1930, foi radicalizada em 1970, com axioma, segundo o qual, o papel das empresas é buscar o lucro dentro das normas legais e éticas da sociedade, sendo que, as demais responsabilidades constituem desvio da função (Friedman, 1970).

Também, no período de crise que se estabeleceu pós-Segunda Guerra Mundial, os debates entre o pragmatismo de Drucker (1999) e o humanismo de Maslow (1943) também versavam sobre essa controvérsia.

Contrariamente à essa visão, inspirada em alguns dos pressupostos do modelo das Relações Humanas, no início da década de 1960 e, acentuadamente, a partir dos anos 1980, a Teoria dos Stakeholders, concebe que o papel das organizações deve privilegiar não apenas os interesses dos acionistas e dos grupos dominantes, mas, como por exemplo, no modelo de Saliência, contemplar todos os agentes envolvidos no empreendimento, resultante dos atributos poder, legitimidade e urgência que possuem

Regra geral, a Teoria dos Stakeholders se caracteriza na perspectiva ontológica e epistemológica como um paradigma positivista e utilitarista, com ênfase nos aspectos pragmáticos em detrimento dos aspectos humanitários, todavia o modelo Stakeholder Capitalism, propõe contemplar em seus pilares aspectos humanistas (Governança, Pessoas, Planeta, Prosperidade).

Ainda no início da COVID-19, entre 21 e 24 de janeiro de 2020, o World Economic Forum (WEF), realizado em Davos (WEF, 2020), lançou um manifesto que concebe o Stakeholder Capitalism como modelo econômico como um ''propósito universal para as empresas na Quarta Revolução Industrial''. Este manifesto, foi acompanhado da declaração de propósito publicada pela Business Roundtable (2020), o lobby empresarial mais influente dos Estados Unidos.

Neste modelo, as empresas são concebidas como responsáveis pelo desenvolvimento econômico, social e ambiental da sociedade e, nesse sentido podem ser consideradas os agentes determinantes na superação dos desafios para a reconstrução de cenários que, certamente estarão presentes no pós-pandemia, contudo, os grupos de poder no Brasil parecem caminhar em direção inversa aos propósitos do Fórum.

A exibição de um vídeo sobre a reunião ministerial realizada no dia 22 de abril de 2020, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, propõe estrategicamente que o governo deveria aproveitar o período em que a sociedade estaria preocupada com os efeitos da COVID-19 para burlar os debates e passar reformas relacionadas às questões ambientais e fundiárias. Ou seja, atacar os direitos da sociedade civil em prol dos interesses de pequenos grupos (Pereira et al., 2021).

Diante dessas controvérsias, foi proposta pelos membros do corpo docente responsáveis pelas disciplinas FA e TO, respectivamente, uma questão mais atual para prosseguimento do debate: os direcionamentos propostos pelos pilares do modelo Stakeholder Capitalism (Governança, Planeta, Pessoas, Prosperidade) são adequados como conteúdos críticos para o ensino/aprendizagem ou constituem apenas meros procedimentos de marketing para formação da imagem organizacional?

2.2.2. A perspectiva da Crítica Retórica

A abordagem proposta pela Crítica Retórica (Rhetorical Criticism), de inspiração norte-americana, permite um estudo abrangente de todos os elementos significativos para analisar dinamicamente as relações sociais, desde questões ecológicas Pezzullo e De Onís (2018), questões religiosas (Porter e Dawson, 2021) até discursos presidenciais Lange (2021).

A pesquisadora (Halliday, 1987, pp. 127-131) sugere a aplicabilidade do método por meio de seis etapas, conforme mostra a Tabela 1:

Tabela 1 Os seis passos retóricos 

Passos retóricos Características
Antecedentes da situação retórica Neste primeiro passo temos a contextualização, a pesquisa propriamente dita com o intuito de reconstruir os elementos históricos, políticos e culturais da situação escolhida para análise. Ou seja, os elementos que caracterizam esta situação problemática como situação retórica.
O problema retórico É preciso conhecer a natureza do problema retórico implícito na situação que se deve resolver. O modo como o público concebe determinada realidade e o modo como esse mesmo público deve ser conduzido à conceber essa mesma realidade para favorecer os interesses do emissor da mensagem.
Anatomia e fisiologia do ato retórico Identifica-se a forma como o discurso ganha corpo: vocabulários, figuras de linguagem, metáforas e slogans que constituem a própria estrutura do discurso.
Contingências do discurso Torna-se necessário saber usar as limitações e restrições do discurso, as condições que lhe podem ser favoráveis ao emissor da mensagem.
Interpretação do ato retórico O ato retórico em questão deve ser interpretado à luz de um arcabouço teórico/filosófico que contribua para uma visão mais profunda do discurso e suas circunstâncias.
Julgamento do ato retórico Este último passo indica que o ato retorico pode ser concebido em perspectiva dependendo do critério que se queira empregar. Pode-se avaliar em função de sua eficiência, estética ou ética. Ou mesmo, combinar esses critérios para realizar a análise.

Fonte: autores com base em Halliday (1987).

Como recurso didático, para melhor se entender a metodologia da Crítica Retórica com o suporte da sociologia compreensiva (Weber, 2004), as descrições dos passos retóricos foram divididas em três fases.

Na fase inicial, no primeiro passo ''Antecedentes da Situação'' reconstituem-se os elementos históricos e culturais da situação para análise da temática em questão e, no segundo passo ''O Problema Retórico'', o desafio do comunicador está em mudar o entendimento do público sobre determinado tema ao fazer com que os conceitos, por meio dos argumentos presentes em seus discursos, sejam assimilados conforme o interesse da própria pessoa e/ou da organização que representa.

Na fase intermediaria, no terceiro passo ''Anatomia e Fisiologia do Ato Retórico'' torna-se necessário identificar cada parte do ato retórico, fazendo um levantamento de seu vocabulário, argumentos e figuras de linguagens empregadas, enquanto no quarto passo ''Contingências'', é preciso identificar as limitações e restrições que contribuem para limitar o conteúdo e a forma dos discursos.

Na fase final, no quinto passo ''Interpretação do Ato Retórico'' é preciso considerar que todo esforço em reconstituir os antecedentes da situação retórica, identificar a instância, descrever a anatomia e fisiologia do ato retórico e verificar as suas contingências pretende alcançar uma interpretação consistente do ato retórico analisado. No sexto passo ''Julgamento do Ato Retórico'', o pesquisador avança um passo além da coleta e da análise sistemática dos dados, com o intuito de avaliar os resultados da análise em termos de alcance dos objetivos comparativamente aos preceitos éticos.

A divisão dos passos da Crítica Retórica em três fases permite perceber mais claramente a teoria da ação social, aspecto central que se constitui em elemento determinante da Sociologia Compreensiva de Max Weber e que pode ser interpretada em diferentes perspectivas.

2.2.3. A perspectiva do Método Bazanini no Ensino de Filosofia

O Método Bazanini foi validado no Science and Education Research Council (COPEC), em 2005, como método relevante no ensino/aprendizagem da Filosofia da Administração. O método que, em consonância com sociologia compreensiva de Max Weber, privilegia a sabedoria prática no sentido da eudaimonia aristotélica ao conceber a realidade como um processo de construção relacionado com a prática para o bem comum, composto de quatro procedimentos, conforme tabela 2:

Tabela 2  Procedimentos do Método Bazanini no Ensino de Filosofia  

Procedimentos Descrição
Investigar as exigências do contexto social No contexto social estão presentes como elementos determinantes: o grau de desenvolvimento tecnológico, a cultura e os grupos de poder.
Relacionar o processo de produção do conhecimento às exigências do contexto social O processo de produção do conhecimento somente se torna pertinente em consonância com os elementos determinantes do contexto social.
Acentuar o enfoque humanista e crítico Compreender, fundamentar e reconstruir os conhecimentos, habilidades e atitudes conduzem à atualização do cabedal teórico.
Integrar a práxis como linha unificadora dos conteúdos A práxis unifica os conteúdos, uma vez que, as necessidades são satisfeitas pela atuação do homem em sociedade, isto é, pelos resultados que as ações possam efetivamente produzir.

Fonte: Bazanini (2005, p.47)

As relações de semelhanças entre a metodologia da Crítica Retórica e o Método Bazanini no Ensino de Filosofia estão dispostos na figura 1:

Fonte: Autores com base em Halliday (1987) e Bazanini (2005).

Figura 1  Análise comparativa e relações de semelhanças 

Observe-se na figura acima que o entrelaçamento dessas duas metodologias, acompanhadas da técnica do Focus Group contribuem para se avaliar criticamente a integração, formação, criação e recriação do conhecimento. Em termos metodológicos, ao promover formas comparativas dos diferentes métodos de forma sistêmica relacionada à investigação do contexto, criam-se possibilidades que favorecem o entendimento da sabedoria prática no campo organizacional.

Em síntese, os seis passos da Crítica Retórica (Halliday, 1987) e os procedimentos do Método Bazanini (2005) propõem elementos para que se possa refletir analítica e reflexivamente sobre os pressupostos da sabedoria prática (phrónesis) nas ciências sociais aplicadas. Por meio de uma visão sistêmica, o analista do discurso parte inicialmente das especificidades do contexto, passando por identificar a situação-problema para, posteriormente, elaborar a interpretação e julgamento das ações realizadas, tal qual, recomenda a teoria da ação social da sociologia compreensiva de Max Weber (2004).

2.2.4. Argumentos na defesa da Proposição Inicial

Nos períodos de acentuada crise e pós-crise como a decorrente da COVID-19, a prospecção de cenários, nos paradigmas organizacionais podem se constituir em modelos pertinentes ou estar disfarçados em universais abstratos por meio discursos negacionistas que negligenciam às exigências não pragmáticas do contexto social.

Em consonância com Sánchez Vázquez (1990, p. 213): ''(...) o conhecimento é útil enquanto é verdadeiro, e não o contrário, verdadeiro por ser útil, como pretende o pragmatismo'', as respostas dos participantes (tabela 3 abaixo) concebem o modelo Stakeholder Capitalism como modismo filosófico, visto que, ao considerar meramente o útil para o sistema capitalista como critério da sabedoria prática, os aspectos humanos são negligenciados e a FA se torna mero filosofismo.

Tabela 3  Resumo das respostas dos participantes do Focus Group  

Q1 Qual é a relevância da disciplina de filosofia nos cursos de administração na segunda década do século XXI, neste cenário pós-pandemia?
MTA A disciplina se torna relevante se avança além dos aspectos utilitários para os aspectos humanos. A filosofia deve visar a emancipação do sujeito.
FA1 O professor precisa passar de educador a facilitador e promotor das competências dos alunos em função desse devastador estado de desemprego que afeta nosso país.
FA2 O professor deve formar o aluno para uma cidadania consciente apesar da precariedade de possibilidades no cenário pós-pandemia.
TO A disciplina somente se torna relevante se incorporar modelos de administração. Os conteúdos não devem se restringir à história de filosofia.
Q2 Em que sentido as metodologias ativas podem favorecer o ensino-aprendizagem da disciplina Filosofia da Administração?
MTA O professor precisa passar de educador a facilitador e promotor das competências dos alunos em função estado de desemprego em nosso país.
FA1 Seja pela metodologia tradicional, seja com o emprego de metodologias ativas, a realidade desumana do processo de gerenciamento não é modificada.
FA2 Cabe ao professor ser um mediador na construção do conhecimento, dominar novas tecnologias; atualização constante em didática, temas e prática.
TO As metodologias tradicionais não fazem sentido em uma realidade tão dinâmica e complexa. As metodologias ativas devem contemplar conteúdos adequados.
Q3 No cenário pós-pandemia, é possível conciliar os aspectos pragmáticos e humanísticos apresentados pelo modelo Stakeholder Capitalism?
MTA Não é fácil propor efetivamente valores humanistas que criem valor para todos os envolvidos, em uma economia debilitada pelos efeitos da pandemia.
FA1 Em nosso país, em um governo de extrema-direita, agravado pelos efeitos da COVID-19, estamos no ''salve-se quem puder''. Afirmar que o propósito da empresa se volta para o social é pura demagogia.
FA2 Os escritos sobre a Doutrina do Interesse dos Acionistas sempre foram tão influentes que ajudaram a moldar as leis de governança corporativa. Essas leis são absolutamente pragmáticas e não humanistas em qualquer cenário.
TO Não se pode ser ingênuo. Os valores humanísticos são contemplados por meio da atuação pragmática voltada para vantagem competitiva e para o lucro.

Fonte: Autores com base nas respostas dos entrevistados.

Na percepção dos membros do corpo docente, no cenário pós-pandemia, tende a predominar na aprendizagem executiva os aspectos técnicos e pragmáticos, embora, idealmente, os aspectos da formação humana não possam ser negligenciados, predomina certa descrença quanto a sua efetiva ocorrência. Ressalte-se que, em relação ao modelo Stakeholder Capitalism, há certo conformismo por parte dos pesquisados com a não concretude de seus pressupostos que, embora teoricamente, possam ser aceitos, em termos práticos, os aspectos humanistas presentes no modelo foram concebidos como inoperantes e, por alguns, até mesmo, demagógicos, como afirmou FA1: ''Em nosso país, em um governo de extrema-direita, agravado pelos efeitos da COVID-19, estamos no ''salve-se quem puder''. Afirmar que o propósito da empresa se volta para o social é pura demagogia''.

2.2.5. Perspectivas da Crítica Retórica na Filosofia da Administração

Primeiro passo: ''Antecedentes da Situação''. Durante o regime militar (1964-1985) o ensino de filosofia esteve praticamente banido do ensino, fundamental, médio e superior, visto que, o regime militar buscou controlar os conteúdos para que os educandos não fossem instigados a pensar. Contudo, no final do ano de 1980, os debates iniciados pelos educadores progressistas resultaram na recomendação da disciplina Filosofia pelo Conselho Nacional de Educação para os cursos de Administração, para todo o Brasil, a partir de 1993.

Nesse período, os professores não dispunham de material didático para embasar o conteúdo da administração. Pela ausência de obras que relacionassem filosofia e administração, foram adotados manuais de Filosofia e best-seller, como ''O mundo de Sofia'' (Gaarder, 2012), obra na qual, a história da filosofia é romanceada para a compreensão de uma adolescente. Além desse, dentre outros, Mondin (2007), Haddock-Lobo (1982) e Truc (1986) foram utilizados em sala de aula.

No Manual intitulado Curso de Filosofia de Mondin (2007, p. 7), a Filosofia é concebida como abstração pura ''a Filosofia tem como único objetivo o conhecimento, ela procura a verdade, prescindindo de eventuais utilizações práticas''.

No Manual ''A Filosofia e sua Evolução de Haddock-Lobo'' (1982, p. 183) a Filosofia se torna colunismo social mais infame ao apresentar o pensamento do filósofo Leibnitz:'' (...) foram encontrados, em suas gavetas, manuscritos que expressavam pontos de vista inteiramente diferentes dos expostos nos livros publicados por ele''.

No Manual de Filosofia História da Filosofia – O Drama do Pensamento através dos Séculos, de Truc (1986, p. 241), o autor transforma o pensamento filosófico em pregação religiosa ao comentar o pensamento de Nietszche, ''(...) O seu erro foi não ter querido ver que existe uma boa consciência cristã simplesmente. Não quis aceitar a Deus. Guindou o homem ao primeiro lugar. Ora, o homem deve vir sempre em segundo lugar''.

Como exposto acima, na década de 1990, pela ausência de material didático que relacionasse filosofia e administração, na percepção dos professores, cada qual, ao seu modo, ministrava conteúdos com os quais dispunham de alguma familiaridade, visto que, a disciplina passou a ser considerada simples cumprimento de currículo (Bazanini, 2005).

A partir do ano 2000, com a disseminação de metodologias ativas principalmente, a Abordagem Baseada em Problemas (ABP), abordagem essa, que valoriza as experiências dos alunos e, consequentemente, contemplam as exigências do contexto pelo desafio e descoberta, investigação ou resolução de problemas (Bacich e Moran, 2018). Nessa perspectiva, os professores da disciplina Filosofia da Administração passaram a dispor de um instrumento que a instiga a curiosidade, o que é uma das causas do saber filosófico como sabedoria prática.

Os teóricos dessa vertente concebem a sabedoria prática como a habilidade de ''fazer bons julgamentos em situações complexas'', ou seja, uma virtude intelectual, da qual decorrem as demais virtudes que o caráter daquele que reconhece as diferenças situacionais, sem, no entanto, negligenciar que modificam a forma como as virtudes são realizadas. Dentre esses autores, pode-se destacar: Korthagen e Kessels (1999); Salloum (2016).

Korthagen e Kessels (1999) abordam a complexa relação dos professores pesquisadores entre a teoria e as expectativas de resultados na perspectiva da sabedoria prática. Mais recentemente, nessa mesma linha de raciocínio Ames e Serafim (2019) concebem o conhecimento a partir da sabedoria prática para, posteriormente sugerir uma abordagem realística no ensino-aprendizagem das disciplinas relacionadas às ciências sociais para os cursos de Gestão Organizacional.

Por sua vez, Salloum (2016), enfatiza a busca por conhecimento mais significativo nos exercícios relacionados à resolução de problemas, advertindo para a importância de se resgatar valores que dignifiquem à condição humana, tais como: honestidade intelectual e responsabilidade social.

De maneira geral, nesses estudos, a sabedoria prática privilegia a disposição o julgamento ou deliberação; a percepção das exigências do contexto; a importância da formação humana do tomador de decisões e a enumeração dos diferentes tipos de conhecimento úteis para a sociedade.

MTA fez questão de ressaltar que a crítica central que permeia a pesquisa e ensino em administração, diz respeito à dicotomia que se estabelece entre a formação alinhada às demandas de mercados e a criação de condições para formação de cidadãos engajados e conscientes de seu papel político na sociedade.

Diante dessas dificuldades de se encontrar conteúdos pertinentes, os professores do Focus Group, apesar de certa descrença, no cenário pós-pandemia, elegeram o modelo Stakeholder Capitalism para discutir a pertinência ou não de contemplar os pressupostos do pragmatismo e humanismo nesse modelo para prospectar a sua pertinência no cenário pós-pandemia que se avizinha.

Segundo Passo: ''O Problema Retórico''. O problema que se apresenta baseia-se no entendimento da impossibilidade de se conciliar pragmatismo e humanismo nos conteúdos do ensino-aprendizagem da disciplina Filosofia da Administração que se caracteriza por uma situação-problema.

Uma situação-problema é organizada em torno da resolução de um obstáculo, de caráter concreto pelo uso da retórica, permitindo efetivamente ao agente formular hipóteses e conjecturas. A situação provoca a crítica dos conhecimentos anteriormente construídos, embasadas em novos questionamentos e, consequentemente, à elaboração de novas perspectivas, como ilustra Bazanini (2007) ao comparar a Doutrina da Responsabilidade Social com a Doutrina do Interesse do Acionista, conforme tabela 4:

Tabela 4  Paradigmas Administrativos Opostos  

Doutrina da Responsabilidade Social Doutrina do Interesse do Acionista
A empresa é depositária de recursos sociais A responsabilidade primária da empresa é defender o interesse de seus acionistas
As empresas existem com autorização da sociedade Defendendo o interesse do acionista, a empresa faz o que sabe fazer melhor e beneficia a sociedade pela produção de riquezas
As empresas tem a obrigação de agir segundo os interesses da sociedade Não cabe à empresa resolver problemas sociais que pertence ao âmbito das organizações de caridade e do governo

Fonte: Bazanini (2007, p. 147).

Então, como alinhar referenciais teóricos diametralmente opostos na disciplina Filosofia da Administração para integrar resultados e bem-estar? Este questionamento orbita o debate atual do campo, constituiu o tema relevante a ser debatido nesse ensaio, que resulta em assumir como premissa a necessidade de se discutir criticamente os pilares contidos no paradigma Stakeholder Capitalism, como disposto na tabela 5:

Tabela 5  Pilares do modelo Stakeholder Capitalism  

Pilares Características
Governança Critérios estabelecidos para avaliação da ética empresarial, combate à corrupção, gestão de riscos e princípios de transparência.
Planeta Analisar os impactos sobre o meio ambiente: criação de políticas de gestão de resíduos, cuidar das fontes de energia, consumo de água e desmonte de todas as ações que possam gerar efeitos nocivos à comunidade.
Pessoas Refere-se à forma como a organização cuida de seus colaboradores ao estimular investimentos em programas que contemplem a diversidade, combatam as desigualdades e propiciem oportunidades de carreira e atuação social
Prosperidade Avaliar continuamente os impactos relacionados ao bem-estar social, com indicadores focados no aumento do número de colaboradores, investimento em tecnologia, capacidade produtiva e geração de negócios de forma sustentável.

Fonte: autores com base no WEF (2020).

Todavia, surgem inúmeras contestações: esses pilares acompanhados por essas métricas são realistas na atual fase do capitalismo? Ou seriam apenas conceitos idealistas a serem utilizados em procedimentos de marketing? O Manifesto de Davos do World Economic Forum (WEF, 2020) proclama que a ideia desses quatro pilares acompanhados das métricas que são possíveis para as empresas, evidenciará a todos os seus stakeholders, a preocupação em avaliar riscos e oportunidades relevantes para seus negócios e benefícios para toda sociedade.

Terceiro Passo: ''Anatomia e fisiologia da Mensagem''. Nesse passo, o discurso possui como tarefa básica concretizar a solução do problema retórico por meio de termos legitimadores: ''capitalismo humanizado'', ''oportunidades para todos os envolvidos no empreendimento'', ''decisões democráticos''. Justificativas: ''interdependência'', ''complexidade das tarefas'', ''necessidade de ações coletivas'', ''governança participativa''. Prosseguem os questionamentos: A disseminação de contínuas informações relacionadas aos temas legitimadores visam o bem-estar coletivo ou simplesmente tornar a organização persona grata perante a sociedade?

Quarto passo: ''Contingências''. Filosoficamente, os termos legitimadores e as justificativas dos preceitos contidos no modelo Stakeholder Capitalism para integrar pragmatismo e aspectos sociais recorre à abstração, ao conceito ''sujeito universal''. Nessa ótica, a relação do ''universal'' pela busca da verdade desconsidera a singularidade social, política e econômica do sujeito, tira-se do seu lugar, a enunciação (Foucault, 2003).

Essas contingências problematizam a interação entre relação pragmatismo e humanismo, visto que, as perspectivas se apresentam como inconciliáveis pelo conflito entre a racionalidade instrumental e a racionalidade substantiva (Ramos, 2011).

A razão instrumental remete ao pragmatismo, visto que, importa mais aquilo que se quer conseguir do que o caminho para lá chegar. Restritos apenas aos critérios de eficácia quanto aos meios para se atingir uma finalidade, o pragmatismo nos estudos organizacionais acentua o estabelecimento de um pensamento de dominação, ora, sobre a natureza, ora, sobre os seres humanos. Por sua vez, a racionalidade substantiva trata do intangível, do mérito intrínseco do humanismo e até de certo modo, relativamente descompromissadas com o individualismo e o oportunismo da sociedade mercantil.

Quinto Passo: ''Interpretação do ato retórico''. As contingências elencadas influenciam diretamente na interpretação dos procedimentos organizacionais em que o raciocínio filosófico é substituído pelo filosofismo. Na perspectiva da teoria da ação social de Weber (2004) pode-se inferir que o discurso retórico no ensino-aprendizagem da filosofia com base nos temas do modelo Stakeholder Capitalism reproduz e legitima as formas de dominação social pela transmissão velada da ideologia dominante por meio de universais abstratos, detalhados na tabela 6.

Tabela 6 Filosofismo e universais abstratos 

Universais Abstratos Descrição
Dogmatismo Parte de certa ''realidade'', embora parcial, fragmentária, escapando à totalidade a consciência pelo fato mesmo das condições limitadas e limitativas dessa consciência; escapando o movimento e história às vontades, nas condições que essas vontades intervêm.
Anacronismo Retratam a realidade por meio de representações já existentes, pelos grupos dominantes, admitidas por eles. Os novos elementos e suas representações abrem seu caminho através de antigos problemas, antigas perspectivas, velho vocabulário e tradições múltiplas.
Pragmatismo real Humanismo Abstrato As ideologias possuem esse duplo caráter geral, abstrata e especulativa, por um lado, e representativo de interesses definidos, limitativos e particulares, por outro. Esforça-se por responder as questões, a todos os problemas e, assim, propõem concepções de mundo, ao mesmo tempo, impõem maneiras de viver e de agir, baseada em valores, condutas e valores arcaicos.

Fonte: autores com base em Lefbvre (1986).

Os ideólogos disseminadores de universais abstratos, em consonância com os pressupostos do modelo Stakeholder Capitalism estão continuamente presentes nas mídias tradicionais e nas redes sociais. Utilizam frases descontextualizadas de filósofos, poetas, pedagogos, psicanalistas, como técnica de venda de soluções fáceis para problemas complexos que se caracterizam pela indistinção entre palavras e coisas entendidas como concretudes, e não como abstrações (Foucault, 2003).

Sexto Passo: ''Julgamento do Ato Retórico''. Nessa perspectiva pode-se considerar que na perspectiva do universo das atividades competitivas, algo pode ser objetivamente verdadeiro e ao mesmo tempo subjetivamente falso, conforme o valor ou desvalor que tenha para a vida de uma determinada comunidade, a mesma coisa pode ser verdadeira (útil) para alguém e não verdadeira (inútil) para outrem, cujos interesses são diversos (Bazanini, Miklos, Bazanini, Santana, 2017, p, 24).

Com esse intuito, continuamente a eficiência do sistema é exaltada e a ética relativizada em individualismo: a valorização das ações na Bolsa de Valores, por exemplo, é considerado um ''acontecimento social'' e o individuo para ser um ''vencedor'' deve assumir e repercutir o pragmatismo do sistema financeiro.

2.2.6. Perspectivas do Método Bazanini no Ensino de Filosofia da Administração

A realidade organizacional apresenta situações em que se torna preciso julgar diferentes cursos de ação, decidir sobre que caminho a tomar e agir segundo tal decisão que requer como condição essencial uma forma de sabedoria, que desde a filosofia antiga é conhecida como sabedoria prática (Ames e Serafim, 2019).

Essa sabedoria prática na gestão organizacional ao integrar pragmatismo e humanismo propiciou uma nova perspectiva para atender as demandas do contexto social decorrentes da crise de 1929. Diferentemente dos pressupostos do paradigma da Teoria Clássica que considerava o trabalhador(a) um mero apêndice da máquina, as novas pesquisas, propiciaram recursos impensáveis, até então, para a gerência. Dentre os quais, possibilitou aos gestores(as) formularem pressupostos com base na psicologia social e comportamental, tais como: o nível de produção resulta da integração social; o nível de competência e eficiência é determinado pela a capacidade social; os grupos informais influenciam os grupos formais na motivação do comportamento.

Comparativamente à metodologia proposta pela Crítica Retórica, e o Método Bazanini no Ensino de Filosofia, o conhecimento somente adquire sentido se atende às exigências do contexto social, ou seja, a sabedoria prática da filosofia somente se concretiza quando se avança além dos universais abstratos para atender as demandas do sujeito concreto.

Com base nesse pressuposto pode-se inferir que a disciplina Filosofia da Administração somente adquire relevância no período pós-pandemia, se os conteúdos contemplarem os aspectos práticos da existência cotidiana e empregar metodologias ativas em que os educandos sejam os protagonistas e, para tal, a produção do conhecimento devem se voltar para as exigências do contexto social.

Nessa perspectiva os procedimentos presentes no Método Bazanini no prevalece o sujeito universal. Pode-se observar que o Processo de Produção do Conhecimento ao contemplar efetivamente às Exigências do Contexto Social, impede a proliferação de universais abstratos, tendo o Enfoque Analítico e Crítico a função de verificar continuamente a adequação do conhecimento proposto às demandas cotidianas. A Práxis como unificadora dos conteúdos, por meio de relações sistemáticas favorecem à cooperação solidária em seus aspectos pragmáticos (produtividade) e humanistas (integração social).

Nessa perspectiva de integrar os aspectos pragmáticos e humanistas na gestão, Barnard (1971), denominado o filósofo-executivo do modelo, privilegiou os aspectos psicológicos e comportamentais da liderança cooperativa em lugar do modelo militarista de comando e controle que prevalecia até então. Seu principal desafio foi reconciliar e equilibrar a inerente tensão entre as necessidades dos empregados individuais com os objetivos da organização.

Baseado retoricamente nos princípios do Modelo das Relações Humanas, o modelo Stakeholder Capitalism propõe-se educar para a convivência harmoniosa, democrática e solidária na ótica de uma cidadania global. Contudo, nas relações concretas dos homens em sociedade, observa-se que os agentes econômicos e políticos, consciente e intencionalmente, assumem posturas que promovem a desagregação social, o conflito, a exclusão e as desigualdades, como pode ser observado, dentre outras inconsistências, na reunião ministerial de 22/04/2020.

Embora teoricamente semelhantes em muitos pontos, em termos práticos, no Brasil, o modelo Stakeholder Capitalism tomou direção oposta ao Modelo das Relações Humanas, com a prevalência dos estereótipos do sujeito universal denunciados por Foucault (2003) e sobre os quais Bazanini (2005) adverte:

Dissociada do contexto social, a filosofia é alienação mental. Dissociada do processo de produção do conhecimento, a filosofia é resignação fatalista. Dissociada do enfoque humanista e crítico, a filosofia é dogmatismo ingênuo. Dissociada da práxis como linha unificadora de conteúdos, a filosofia é conversa pra boi dormir. Dissociada do temperamento de seu autor, a filosofia é imitação barata. (p. 7)

As peculiaridades do modelo Stakeholders Capitalism (tabela 5 e 6), acompanhados do posicionamento crítico do corpo docente (tabela 3) e dos pressupostos da Doutrina do Interesse dos acionistas (tabela 4) evidenciam o modismo ideológico, a filosofia transformada em filosofismo. Portanto, os princípios humanistas do modelo Stakeholder Capitalism ficam restritos apenas aos discursos alicerçados em universais abstratos (Bazanini, 2005, Foucault, 2003, Lefbvre ,1986).

2.2.7. Desdobramentos dos argumentos na proposição apresentada

  1. Diante da orientação política e negacionista dos valores ambientais, humanos e sociais vigentes atualmente no Brasil, não é possível na concepção da Filosofia da Administração contemplar os aspectos humanísticos e pragmáticos no ensino-aprendizagem da disciplina, tal qual propõe a perspectiva do modelo Stakeholder Capitalism.

    No modelo Stakeholder Capitalism a responsabilidade social como promoção da dignidade humana não passa de mero filosofismo, ou seja, falso conhecimento com a denominação de filosofia adotada pelos coachs e filósofos midiáticos que ''vendem'' soluções fáceis para problemas complexos.

    Os pilares (Governança, Planeta, Pessoas, Prosperidade) contidos no modelo Stakeholder Capitalism não podem ser denominados sabedoria prática, mas sim, conceitos idealistas a serem utilizados em procedimentos de marketing para melhoria da imagem e reputação das organizações.

Com base nessas proposições, o que prevalece no modelo Stakeholder Capitalism que possa ser incorporado ao ensino-aprendizagem na disciplina da Filosofia da Administração? Prevalecem os discursos assentados em universais abstratos, ou seja, dogmatismo, anacronismo, pragmatismo real e humanismo abstrato (tabela 6). Portanto, ao negligenciar as exigências não pragmáticas do contexto social, esse modelo se torna não adequado como elemento de formação filosófica dos educandos para o enfrentamento do cenário pós-pandemia.

Em um breve retrospecto sobre os conteúdos propostos no ensino-aprendizagem da disciplina Filosofia da Administração desde sua implantação nos cursos de Gestão Empresarial, em 1993, duas ilações merecem reflexões.

  1. Se o conteúdo dos manuais de filosofia adotados na década de 1990, ao omitir as relações concretas dos seres humanos em sociedade, negligenciavam a reflexão crítica pela disseminação de universais abstratos.

    Se os pressupostos Doutrina do Interesse do Acionista privilegiam apenas os aspectos econômicos em detrimento dos aspectos ambientais e sociais, os preceitos Doutrina da Responsabilidade Social permanecem como um ideal a ser alcançado sem suporte na realidade material.

Analogamente, pelo posicionamento do Governo Federal contrário aos Direitos Humanos e a preservação ambiental, a tentativa de se humanizar as relações econômicas, ambientais e sociais presentes no modelo Stakeholder Capitalism caracteriza-se mais como um discurso demagógico do que realmente factível e, consequentemente, não pode ser considerado um modelo filosófico recomendável para reconstrução de cenários pós-pandemia, mas sim, a tergiversação da filosofia.

Então, como proposto por Halliday (1987) e Bazanini (2005), as práticas disseminadoras de universais abstratos somente serão substituídas por conteúdos relacionados às exigências do contexto social, se o professor em sala de aula ao invés de apenas depositar conteúdos estranhos a realidade dos educandos, atuar como mediador do conhecimento com base em situações reais (Mello; Petrillo, 2019).

3. Reflexões finais

Esse estudo teve como objetivo analisar os paradigmas que orientam a produção do conhecimento filosófico no campo dos estudos organizacionais e seus direcionamentos na prospecção de cenários na realidade brasileira, em especial, nos períodos de acentuada crise e pós-crise como a decorrente da COVID-19.

A pandemia da COVID-19 evidenciou a necessidade de mudanças, tal qual a crise de 1929, possibilitou o crescimento econômico com o aumento e melhor distribuição de renda ao integrar os aspectos humanistas e pragmáticos presentes no pensamento de autores humanistas, dentre os quais, Follet (s.f.), Maslow (1943), Barnard (1971).

Caso o quarto procedimento ''práxis como unificadora dos conteúdos'' do Método Bazanini no Ensino de Filosofia se concretizasse no atendimento aos aspectos não pragmáticos do contexto social em suas práticas cotidianas, certamente, se avançaria além do pragmatismo econômico para se integrar os ideais humanitários presentes teoricamente no modelo Stakeholders Capitalism.

Porém, ao negligenciar as exigências não do contexto social, prevalecem os discursos negacionistas e idealistas dirigidos ao sujeito universal em detrimento das necessidades dos sujeitos concretos. Diante desse direcionamento, constata-se que os preceitos filosóficos presentes no modelo Stakeholder Capitalism reproduzem o pragmatismo dos negócios, denunciado no ''passar a boiada'' da Reunião Ministerial e, tão bem retratado fala do ''fantasma de Carol'' (Dickens, 1976) que serviu de mote simbólico para o desenvolvimento desse ensaio, deixa implícita a resposta da questão: no Brasil, o pragmatismo e humanismo nos paradigmas da teoria da administração constituem negócios, isto é, procedimentos de marketing ou sabedoria prática?

A resposta é óbvia: essencialmente negócios. As perspectivas humanizadoras no cenário pós-pandemia são sombrias, visto que, os direcionamentos propostos pelos grupos de poder, acentuadamente, privilegiam a dimensão econômica em detrimento da dimensão social e ambiental.

Talvez, se as autoridades brasileiras ou mesmo os gestores(as) das empresas recebessem inspiração dos ideais cooperativos de um filósofo-executivo do porte de Barnard (1971), ou mesmo da concepção humanista, ainda no início dos anos de 1920, daquela que foi considerada a ''Mãe da Gestão Pós-Cientifica'', Follet (s.f.), sobretudo, no trabalho social e no estudo das pessoas como componentes centrais das organizações, certamente, alguns dos pressupostos do Modelo das Relações Humanas, que se encontram implícitos teoricamente no modelo Stakeholders Capitalism, poderiam ser reatualizados e, quiçá, efetivamente concretizados no contexto social contemporâneo.

Finalmente, com o intuito de realçar o conjunto de problemas e os limites do capitalismo vigente que caracterizam o estado crítico do planeta, diante dos quais, urge encontrar respostas imediatas, os modelos que se orientam por modelos positivistas e utilitaristas no campo dos estudos organizacionais como ocorre com o modelo da Teoria dos Stakeholders não propiciam respostas satisfatórias.

Sugere-se que sejam realizadas novas pesquisas a respeito de outros modelos que apregoam a necessidade de se integrar os aspectos pragmáticos e humanistas na Gestão Empresarial, como por exemplo, o modelo Environmental, Social and Governance (ESG), tendo como mote a prospecção de cenários pós-COVID-19, em setores específicos da economia latino-americana.

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Recebido: 30 de Março de 2022; Aceito: 29 de Julho de 2022

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